Siderurgia pode se proteger do alto preço do minério

7 de fevereiro de 2019 às 0h15

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Crédito: Divulgação


 Os ativos minerários próprios irão proteger as siderúrgicas brasileiras da queda de produção de minério de ferro da Vale e do consequente aumento dos preços internacionais do insumo, matéria-prima básica para a produção de aço. A mineradora anunciou várias ações que podem acarretar numa redução da produção da ordem de 70 milhões de toneladas de minério ao ano, depois do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no dia 25 de janeiro.

O DIÁRIO DO COMÉRCIO apurou que, antes do anúncio do plano de descomissionamento de barragens construídas pelo método de alteamento a montante, feito pela Vale após a tragédia de Brumadinho e que pode impor uma perda de 40 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o preço da tonelada do insumo girava em torno de US$ 72 no mercado spot chinês.

Com a confirmação da provável perda de produção, somada à decisão da Justiça de Minas Gerais que acabou provocando a paralisação das atividades na mina Brucutu, a maior da mineradora no Estado, com produção anual na casa das 30 milhões de toneladas de minério ao ano, o volume que deixará de ser produzido poderá chegar a 70 milhões de toneladas anuais do insumo.

A tragédia e as notícias de paralisação de atividades em várias minas da Vale, todas em Minas Gerais, movimentou o mercado internacional e levou os preços para a casa dos US$ 80 a tonelada no mercado à vista chinês. O aumento da cotação do insumo colocou as siderúrgicas em alerta.

Porém, para o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, a produção própria de minério de ferro por parte das siderúrgicas vai proteger a indústria do aço no País do aumento dos preços do seu principal insumo. “O assunto Vale não terá grande influência nos preços do aço”, frisou.

Além disso, segundo Loureiro, apesar de o minério de ferro representar o mais importante insumo para a siderurgia, “um eventual aumento do custo não quer dizer nada em relação ao preço de venda, que é balizado pelos preços internacionais do aço”. “Todos os movimentos anteriores relativos ao preço do aço sempre foram ditados pelo preço internacional do produto”, completou.

O analista de Mineração e Siderurgia da Tendências Consultoria Integrada, Felipe Beraldi, avalia que todos os desdobramentos da tragédia de Brumadinho na produção da Vale “causam volatilidade no mercado”.

Porém, desde o rompimento da barragem os preços do minério estão se mantendo perto de US$ 80 a tonelada no mercado spot da China”, ponderou.

Beraldi acredita que a Vale ainda pode reverter a decisão da Justiça de Minas que acarretou na paralisação das atividades em Brucutu, mas caso a perda produtiva da mina não seja revertida, ele avalia que os preços do minério devem aumentar ainda mais. Ontem, a mineradora declarou “força maior” em uma série de contratos de venda de minério de ferro e de pelotas relacionados à produção do ativo.

“Com o corte das 40 milhões de toneladas de minério de ferro, o preço do produto subiu cerca de 10% no mercado spot chinês. Se mais essa paralisação se confirmar, poderemos ver novo aumento deste patamar”, afirmou o especialista, lembrando que a cotação do insumo antes do acidente com a barragem girava em torno de US$ 72 a tonelada.

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Choque de custos – Beraldi faz uma ressalva mesmo para as siderúrgicas que têm produção própria de minério. “Com o preço (do minério de ferro) nesse patamar atual de US$ 80 a tonelada, esperamos um choque de custos na indústria siderúrgica. Isso vale até mesmo para quem tem produção própria porque existe o custo de oportunidade. Não vai ter faltar minério, mas haverá impacto no custo porque o minério é uma variável importante”, pontuou.

Em Minas, a CSN Mineração é o braço de operações minerárias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A mina da empresa, Casa de Pedra, em Congonhas (Campo das Vertentes), é uma das mais reconhecidas pelo alto teor de ferro do minério local. A capacidade do complexo é da ordem de 28,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e a CSN está investindo R$ 3,4 bilhões para alcançar 50 milhões de toneladas do insumo a partir de 2030.

O grupo gaúcho Gerdau opera a Usina Ouro Branco, instalada no município de mesmo nome, na região Central do Estado. A siderúrgica está localizada próxima aos seus ativos minerários, em Itabirito (mina Várzea do Lopes) e em Ouro Preto (mina Miguel Burnier).

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