Violência aumenta nos supermercados

27 de setembro de 2019 às 0h14

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As perdas no faturamento dos supermercados da Capital com a falta de segurança são estimadas de 3% a 5% - CRÉDITO:ALISSON J. SILVA

O setor supermercadista de Belo Horizonte registrou aumento no número de ocorrências de furtos e roubos em 2019. De acordo com a pesquisa “Vitimização do Segmento Supermercadista”, nos últimos 12 meses, 68,1% dos supermercados e comércio de gêneros alimentícios da Capital registraram algum tipo de violência. Em igual período do ano passado, o índice era de 32,4%. Esse é o maior patamar em quatro anos. A falta de segurança tem alto custo para o setor, que estima perdas entre 3% e 5% sobre o faturamento anual.

A pesquisa, divulgada ontem, foi elaborada Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sincovaga) em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).

De acordo com o levantamento, das 432 empresas ouvidas, 68,1% registraram problemas com a violência. O índice está 35.7 pontos percentuais superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O assalto à mão armada a comerciantes (61,1%) e clientes (11,3%) e furtos às lojas (9,6%) estão entre as práticas criminosas mais registradas dentro dos estabelecimentos comerciais.

Contradição – Apesar da pesquisa ter apontado para o aumento significativo da violência nos estabelecimentos, sendo os assaltos à mão armada a comerciantes o crime mais relatado, o presidente do Sincovaga, José Luiz de Oliveira, afirmou que esse não é o delito mais registrado dentro nas unidades, segundo ele, o crime mais comum é o furto de mercadorias.

“A violência tem apresentado um número crescente, principalmente, nos furtos dentro das lojas, que estão cada dia maiores e, na maioria das vezes, praticados pelas mesmas pessoas. A impunidade nos traz muita insegurança. Não temos a punição correta. As pessoas furtam, você faz a ocorrência e, em algumas semanas, estão novamente causando prejuízo a esse ponto comercial. Apesar da pesquisa ter acusado assaltos dentro das lojas como o crime mais praticado, grande parte destes episódios acontece nos deslocamentos de casa para o estabelecimento e do supermercado para casa. Dentro do estabelecimento, apesar de apontado pela pesquisa, o assalto não é o crime mais praticado e, sim, o furto”, garante.

A estimativa é de que a violência nos supermercados e nos estabelecimentos de gêneros alimentícios gere um prejuízo anual que varia de 3% a 5% do faturamento das unidades, dependendo do tamanho das lojas e da região onde estão localizadas. A pesquisa ouviu empresários de vários estabelecimentos incluindo supermercados, padarias, hortifrútis, açougues, laticínios entre outros.

“É um prejuízo muito grande, uma vez que o setor já trabalha com as margens apertadas”, disse Oliveira.

Sobre a polêmica relativo aos dados apurados, a Fecomércio-MG afirmou em nota, após a realização da coletiva de imprensa, que a pesquisa, realizada pelo departamento de Estudos Econômicos da entidade desde 2013, zela por um rigor metodológico, obedecendo critérios amostrais estatísticos. Anualmente, são aplicados questionários (survey) por telefone para uma amostra proporcional aos segmentos do comércio varejista de produtos alimentícios e regiões de Belo Horizonte, distribuídas igualmente para cada região da cidade. As lojas são selecionadas com base no cadastro da área de Estudos Econômicos da Fecomércio-MG. A edição deste ano foi realizada entre os dias 12 de agosto e 4 de setembro de 2019, sendo avaliadas 432 empresas, perfazendo uma margem de erro da ordem de 5% para a amostra, a um intervalo de confiança de 97%. A diferença do conjunto de respostas nas regiões foi avaliada por um teste estatístico denominado qui-quadrado.

O objetivo principal da pesquisa é avaliar a percepção dos empresários do segmento supracitado sobre temas atinentes à criminalidade e segurança pública.

“Cabe destacar que a Fecomércio-MG realiza tradicionalmente diversas pesquisas de opinião e satisfação com consumidores e empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Estado de Minas Gerais, visando contribuir com o setor representado e com a sociedade por meio da produção e difusão de informações, sendo referência para a imprensa, para o setor produtivo e para a academia”, finalizou a nota.

Empresários mudam a rotina das lojas

Diante do cenário de aumento da violência, os empresários têm modificado as rotinas dos estabelecimentos para tentar reduzir as perdas. Entre as ações adotadas estão à alteração do armazenamento de objetos de valor, adotado por 35,5% dos empresários, e a modificação do horário de funcionamento (21,8%).

O setor têm investido no aumento da segurança. Para 70% dos entrevistados, 5% do faturamento é destinado a itens de seguranças, entre eles os sistemas de monitoramento interno por TV (49,1%) e a instalação de alarmes (22,3%).

A percepção em relação à criminalidade também está maior. Entre os avaliados, a maioria percebe o aumento da criminalidade na Capital (46,2%).

O Tenente Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Wagner de Mattos, disse que a polícia está ampliando as ações para inibir os crimes. Mattos ressaltou que os índices de criminalidade estão retraindo e que a pesquisa não mostra a realidade da capital mineira.

“No caso do comércio varejista, a Polícia Militar tem implementado diversas ações de operações vinculadas à proximidade da PM, a atividade direta nas redes de vizinhos protegidos, posicionamento de viaturas em locais estratégicos próximos aos comércios e implementação das bases de segurança comunitária, que trouxeram grande oportunidade de aproximação dos comerciantes, da população e da polícia. Desde 2017, estamos registrando queda nos registros de crimes violentos, por isso, a percepção de aumento da violência verificado na pesquisa pode ter sido desfocada”, disse.

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