Sistema de cama sobreposta reduz custos na suinocultura

Prática, implantada em Sacramento, protege o meio ambiente, diz Emater-MG

25 de junho de 2022 às 0h30

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Prática elimina mau cheiro; serragem é usada como adubo | Crédito: Emater / Divulgação

Uma medida simples, colocada em prática na cidade de Sacramento, no Triângulo Mineiro, vem provando que é possível integrar outras atividades à suinocultura e cumprir a legislação ambiental, sem aumentar demais os custos. Trata-se do sistema de cama sobreposta para suínos, que um produtor local implantou em sua propriedade e vem colhendo bons resultados. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), essa pode ser uma alternativa para evitar que pequenos produtores deixem a suinocultura.

O abandono da atividade vinha chamando a atenção do corpo técnico da Emater local, pois a criação de suínos integrada a outras culturas é uma prática considerada tradicional nas redondezas.  Isso estava acontecendo porque a suinocultura é uma atividade com grande potencial poluidor, e são muitas as dificuldades de pequenos produtores para se adequarem à legislação ambiental, principalmente em relação aos custos.

“É alto o índice de exigência, e a implantação é onerosa, além de a cada dia a fiscalização ser mais severa”, explicou o técnico da Emater local, Alison Rodrigues.

Esbarrando nessa dificuldade, o agricultor Reginaldo Rosa Gomes, que cria porcos como fonte complementar de renda, levou a questão à empresa de assistência técnica.

Técnicos da Emater-MG  orientaram a implantação da cama sobreposta na suinocultura, um sistema desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e considerado uma alternativa prática, simples e barata para tratar o esterco e urina dos animais. Na operação, os líquidos gerados pelos dejetos são absorvidos o que evita mau cheiro, moscas e a poluição do ambiente. E de quebra ainda produz adubo para as plantações.

“Nada mais é que uma cama, dentro de um ambiente coberto, de pé direito com medidas padrões para o sistema. Ela pode ser composta de casca de arroz, palha de café ou serragem e funciona muito bem. Desde que a cobertura seja feita de maneira adequada para evitar chuva”, explicou o técnico Alison Rodrigues. Segundo ele, é preciso também, prestar atenção na altura da cama, que deve ter, aproximadamente, 50 centímetros de espessura do substrato para que o processo tenha sucesso.

Economia

O extensionista frisou que se comparado com o sistema tradicional de fossa, ideia inicial do produtor para destinar os dejetos dos animais até o descarte, os custos são de 20% a 50% menores.

Isso é possível, na avaliação do técnico da Emater-MG, porque o sistema reduz o uso de mão de obra para o manejo diário dos animais e da cama, que pode durar até um ano pra ser trocada, enquanto a fossa precisa ser limpa, o que encarece sua manutenção.

Rodrigues destacou também a economia com a compra de adubos, já que o composto gerado pela cama é aproveitado. Ele ainda chamou a atenção pelo fato de o sistema tornar os animais mais calmos, evitando estresse, canibalismo e mortalidade entre eles.

 “Com a implantação desse novo sistema, foi possível disponibilizar a mão de obra para as outras atividades desenvolvidas na propriedade e também sobrou mais tempo para o lazer da família. Atendeu com eficiência a necessidade desse grupo familiar, adequando a produção de suínos à legislação, com melhoria ambiental do local, redução dos odores e insetos, além de servir como modelo para implantação em outras propriedades do município que enfrentam o mesmo problema”, ressaltou.

Melhora

Como o produtor pioneiro do município no uso do sistema de cama sobreposta em seu criatório de suínos, Reginaldo parece satisfeito com o resultado. “Melhorou muito. Não dá mau cheiro e a gente aproveita a serragem, que vira esterco e joga nos pés de café, pastos e roças. É um esterco muito bom”, avaliou.

Segundo o produtor, o sistema instalado em sua propriedade atende até 30 animais, mas hoje gira em torno de 20 cabeças. Além da suinocultura e cafeicultura, Reginaldo Rosa fabrica queijo Minas artesanal. Também vende gado leiteiro e de corte para recria.

O sistema de cama sobreposta gera adubo a partir da palha do café. O produtor utiliza esse adubo para suas lavouras. Ao fabricar queijo, ele destina parte do soro para alimentar os porcos. Desta forma, a integração das culturas não traz impacto ao meio ambiente, melhora a renda e reduz os custos com adubo e a alimentação dos porcos. A empresa de assistência técnica informou ainda que a experiência tem sido apresentada e divulgada em outras regiões. (Com informações da Emater-MG)

Mercado dá sinais de melhora, aponta Safras

O mercado brasileiro de suínos segue mostrando sinais de recuperação. O analista da consultoria Safras & Mercado, Allan Maia, sinalizou que o ambiente de negócios envolvendo o suíno vivo apresentou boa fluidez nesta semana, com um quadro de oferta e demanda equilibrado, o que garantiu sustentação aos preços.

Maia ressaltou, contudo, que há uma expectativa de ligeira queda no consumo no curto prazo devido à descapitalização das famílias, o que pode resultar em uma reposição mais comedida ao longo da cadeia, trazendo um ritmo de negócios mais acirrado.

Levantamento da consultoria apontou a média de preços do quilo vivo no País avançou 2,29% na semana, passando de R$ 5,95 para R$ 6,09. A média preços pagos pelos cortes de pernil no atacado subiu 4,05%, de R$ 9,87 para R$ 10,27. A carcaça teve aumento de 4,91%, passando de R$ 9,43 para R$ 9,89.

A análise semanal de preços da consultoria apontou, no interior de Minas Gerais, o quilo do suíno continuou em R$ 7,30. No mercado independente mineiro, o preço permaneceu em R$ 7,50.

Em São Paulo a arroba passou de R$ 132 para R$ 138. Na integração do Rio Grande do Sul o quilo vivo seguiu em R$ 5,10. No interior do Estado a cotação mudou de R$ 5,90 para R$ 6,20. Em Santa Catarina o preço do quilo na integração permaneceu em R$ 5,10. No interior catarinense, a cotação subiu de R$ 5,95 para R$ 6,15. No Paraná o quilo vivo passou de R$ 6 para R$ 6,25 no mercado livre, enquanto na integração o quilo vivo continuou em R$ 5,20.

No Mato Grosso do Sul, a cotação em Campo Grande aumentou de R$ 5,60 para R$ 5,90, enquanto na integração o preço continuou em R$ 5. Em Goiânia, o preço seguiu em R$ 7,10. Em Mato Grosso, o preço do quilo vivo em Rondonópolis aumentou de R$ 5,65 para R$ 5,90. Já na integração do estado o quilo vivo seguiu em R$ 5.

Maia destaca que os dados da exportação até a terceira semana de junho foram bons, tanto para o volume como para o preço médio da tonelada, que atingiu o maior patamar do ano.

No cenário exportador, uma notícia importante foi que as autoridades sanitárias do Canadá anunciaram a habilitação de outras duas plantas a embarcar a proteína nacional, conforme informou ontem o Ministério da Agricultura à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com as novas habilitações, o Brasil passa a contar com cinco unidades produtoras autorizadas a exportar carne suína para o mercado canadense. A abertura sanitária do mercado foi consolidada em março deste ano, após anos de negociações entre as autoridades dos dois países, como resultado direto das ações do Ministério da Agricultura, da Embaixada Brasileira e da adidância agrícola brasileira em Ottawa.

Assim como as três primeiras habilitações, as duas novas plantas habilitadas estão localizadas no estado de Santa Catarina. São unidades da Pamplona Alimentos, de Presidente Getúlio (SC), e da Cooperativa Central Aurora, de Joaçaba (SC).

As exportações de carne suína in natura do Brasil renderam US$ 137,980 milhões em junho (12 dias úteis), com média diária de US$ 11,498 milhões. A quantidade total exportada pelo país no período chegou a 56,684 mil toneladas, com média diária de 4,723 mil toneladas. O preço médio ficou em US$ 2.434,20.

Em relação a junho de 2021, houve baixa de 5,2% no valor médio diário, alta de 1,6% na quantidade média diária e queda de 6,6% no preço médio. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior.

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