Economia é marca do Civic Touring

7 de fevereiro de 2020 às 0h06

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Crédito: Amintas Vidal

Amintas Vidal*

Os sedans médios já foram o sonho de consumo do brasileiro, posto assumido pelos utilitários esportivos (SUV). Ambos garantem status aos seus donos, mas os modelos de três volumes levam a melhor em dinâmica.

Mesmo assim, os SUVs estão impactando diversos segmentos de veículos em nosso mercado. Eles já exterminaram as peruas e estão prestes a matar os hatches médios e os monovolumes.

Entretanto, os sedans resistem bravamente a essa mudança de comportamento do consumidor. Entre os 50 automóveis mais emplacados em 2019, 18 são sedans (14 compactos, 4 médios) e 16 são SUVs (13 compactos, 2 médios e 1 grande).

DC Auto recebeu o Honda Civic Touring 1.5 Turbo CVT para avaliação. No site da montadora, ele tem o preço sugerido de R$ 136,70 mil. Neste valor, pode-se optar por qualquer uma das seis cores disponíveis. Branco sólido, cinza, prata ou azul metálicos, e as perolizadas, preto ou branco, como da unidade avaliada.

O Honda Civic é vendido em configuração única, com todos os equipamentos de série, e sem opcionais. Os principais itens da versão Touring são: direção com assistência elétrica progressiva, ar-condicionado digital de duas zonas, vidros elétricos com a função de subida automática em todas as portas, freio de estacionamento eletrônico com função brake hold, espelho retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva, banco do motorista com ajuste elétrico e regulagem lombar, revestimento em material sintético que imita o couro, entre outros.

Em conectividade, ele traz multimídia com tela de 7 polegadas touchscreen e navegador GPS, bluetooth para ligações, espelhamento por aplicativos Apple CarPlay e Android Auto, duas entradas USB, conexão HDMI e áudio premium com 452W e 10 alto-falantes, incluindo subwoofer.

Carregador de celular por indução, painel digital TFT de 7 polegadas de alta resolução, chave presencial para abertura das portas e partida do motor por botão ou a distância são outras tecnologias a bordo.

No quesito segurança, estão presentes: airbags frontais, laterais e de cortina, freios com sistemas ABS e EBD, controle de tração e estabilidade, assistente de partidas em aclive, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com aviso sonoro e luminoso, câmera de ré multivisão com linhas dinâmicas e sistema Isofix de fixação para cadeirinhas infantis.

Alguns itens são exclusivos da versão, como a câmera no retrovisor direito para redução de ponto cego, os faróis principais em full LED, os faróis de neblina em LED e o teto solar com função one-touch.

Motor e câmbio – O motor do Civic Touring é o 1.5 Turbo 16V DOHC. Construído em alumínio, seu cabeçote tem duplo comando de válvulas com variação de abertura na admissão e na exaustão e é tracionado por corrente.

Ele atinge potência máxima de 173 cv às 5500 rpm e seu torque, de 22.4 kgfm, está disponível em uma ampla faixa de rotação, entre 1.700 e 5.500 rpm.

O câmbio é automático do tipo CVT com simulação de sete velocidades. Ele apresenta acoplamento por conversor de torque e permite comutação das marchas por meio das aletas posicionadas atrás do volante.

Uma programação econômica do conjunto pode ser acionada por botão e o uso manual das marchas se faz posicionando a alavanca em “S”, de Sport.

A linha 2020 do Honda Civic ganhou poucas mudanças. Apliques cromados na parte inferior dos para-choques e novo desenho da roda. Por dentro, saída traseira do ar-condicionado e carregamento de celulares por indução são as principais novidades.

A qualidade construtiva e os materiais usados no acabamento desta versão se destacam. Os painéis e os encostos e apoios dos braços têm revestimentos macios ao toque. Este padrão também é aplicado nas portas traseiras, e não apenas nas dianteiras, como muitas montadoras fazem.

Detalhes cromados, prateados e em preto brilhante sofisticam o interior. Um aplique no painel principal e nas portas dianteiras simula fibra de madeira, elevando a percepção de qualidade na cabine.

O Civic tem 4,64 metros de comprimento, 2,70 metros de distância entre-eixos, quase 1,8 metro de largura e apenas 1,43 metro de altura. Em seu porta-malas cabem 517 litros de bagagem e, no tanque de combustível, 56 litros de gasolina.

Décima geração – Nesta décima geração, o Civic assumiu um estilo “coupé de quatro portas”, resultando em um dos sedans mais belos do mercado. Ele apresenta ergonomia acertada em seu interior envolvente, mas com algumas limitações.

Quatro adultos têm muito espaço para suas pernas e ombros e um pouco menos para suas cabeças, principalmente na parte de trás. No centro do banco traseiro, até uma criança fica desconfortável, pois ele é baixo e o túnel central muito alto.

Os bancos dianteiros também são baixos, deixando a posição de condução mais esportiva e os ocupantes envolvidos pelo alto console central.

Além de bem encaixado ao banco, o motorista tem todos os comandos à mão. Sem deslocar muito os braços é possível acessar todos os equipamentos facilmente. Apenas as portas USB e HDMI e a tomada de 12V ficaram muito baixas, recuadas e escondidas na parte inferior do console central.

O sistema multimídia funciona com precisão quando emparelhado ou espelhando os celulares.  Ele é completo em recursos, inclusive, tem GPS nativo, item cada vez mais raro no mercado.  Tamanho da tela, definição de imagem, sensibilidade ao toque e velocidade de processamento são bons, mas podem melhorar.

Faltam botões físicos para as principais operações, giratórios ou mesmo os de pressão, pois todos são por toque. Até no ar-condicionado eles são escassos, ficando parte dos seus controles operados em página dedicada ao equipamento de climatização na tela touchscreen.

Os sensores de estacionamento (frontal e traseiro) e a câmera de marcha a ré com guias gráficas esterçáveis são muito úteis, pois o carro é longo e a traseira alta. A câmera localizada na extremidade do retrovisor fornece uma imagem ampla do tráfego à direita, eliminando os pontos cegos deste lado do carro.

A imagem aparece na tela do multimídia sempre que se ativa a luz de direção direita. O recurso também pode ser ligado por botão localizado na extremidade da haste satélite esquerda.

Dinâmica do sedan garante satisfação ao dirigir

É em dinâmica que o Civic Touring diz a que veio. Motor, câmbio, direção e suspensões trabalham em harmonia e conectados para darem prazer ao dirigir. Com a programação ECO ativada, o motor responde mais progressivamente ao comando do acelerador, as marchas são trocadas em rotações mais baixas possíveis e o consumo chega a surpreender.

Ainda conduzindo com trocas automáticas, mas nos parâmetros normais, o carro responde mais prontamente ao acelerador e o câmbio estica um pouco mais as marchas. Mas o conjunto demora um pouco a reagir quando aceleramos até o fim do curso, despejando toda potência e torque logo em seguida. Acreditamos que este tempo seja perdido no deslizamento do conversor de torque.

Com a alavanca na posição “S” do câmbio, o comando fica manual e a diversão é garantida. As marchas são esticadas até as 6.000 rotações e o Civic vira um esportivo.

Nada assustador, mas o suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos, de acordo com a Honda. Usando as aletas, é possível comandar as marchas e assumir as trocas de forma mais precisa, ganhando muita agilidade, se compararmos ao uso totalmente automático.

Mais prazeroso que a velocidade, é sentir que o carro está na mão. Estrutura e suspensões são rígidas, a carroceria não rola e o carro faz curvas quase como um kart. Mesmo assim, ele ainda é muito confortável.

Mesmo com essa dinâmica esportiva, usando rodas de liga leve de 17 polegadas e pneus 215/50 R17, seu conjunto de suspensões, independentes nos dois eixos, consegue isolar a cabine das irregularidades do piso.

Consumo– Mesmo entregando muito desempenho, o Civic Touring foi muito econômico em nosso teste padrão de consumo rodoviário. Realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e na outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Somente o motorista, vidros fechados, faróis acesos, ar-condicionado regulado na refrigeração intermediária e a ventilação, na segunda posição, completam a padronização.

Na volta mais lenta atingimos 18,7 km/l. Na mais rápida, 15,9 km/l. Por ser um motor monocombustível, desenvolvido apenas para gasolina, sua eficiência energética é superior se compararmos aos motores bicombustíveis.

O nosso novo teste de consumo urbano é realizado em um circuito de 6,3 km no qual completamos 4 voltas, totalizando 25,2 km. Circulamos por 5,2 km em vias secundárias, velocidade máxima de 40 km/h e por 20 km em vias primárias, velocidade máxima de 60 km/h.

No total, realizamos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Entre o ponto mais baixo do circuito, 671 metros e o mais alto, 823 metros, existe uma variação de 152 metros em relação ao nível do mar, algo que simula bem uma topografia acidentada.

Seguindo os padrões complementares descritos acima, o Civic atingiu uma média urbana de 9,7 km/l. Ele conseguiria melhor resultado se fosse equipado com o sistema stop/start, que desliga o motor nos semáforos, pois o tempo parado em nossas simulações corresponde a 10% do total do teste, algo relevante em matéria de consumo.

O Honda Civic Touring tem o conjunto mecânico que mais realça sua grande virtude, a dirigibilidade. Seu preço não é convidativo, tornando-se uma escolha mais emocional que racional. Para quem quer um carro familiar com desempenho mais esportivo, sem abrir mão do baixo consumo, ele é uma ótima opção.

*Colaborador
**Essa e outras matérias no nosso blog: www.dcautoblog.com

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