Fiat Cronos HGT apresenta visual mais esportivo

8 de novembro de 2019 às 0h06

img
Crédito: Divulgação/Amintas Vidal

AMINTAS VIDAL*

A Fiat tem tradição em sedans compactos no Brasil. Familiares, estes modelos não costumam ganhar versões esportivas, mas existiram poucas e boas exceções. Curiosamente, a versão mais modificada foi a primeira, o Oggi CSS, o esportivo do sedan baseado no Fiat 147.

O Prêmio, sedan do Uno de primeira geração, não teve uma versão esportiva. Já o Siena, sedan do Palio, contou com a variante Sporting em 2011. O motor 1.6 16V E.Torq era o mesmo da versão Essence, mas tanto o câmbio manual quanto o automatizado, foram retrabalhados e as suspensões foram rebaixadas. Ele também recebeu diversas alterações estéticas.

O Cronos, sedan do Argo, ganhou uma versão esportiva na linha 2020 do modelo. O DC Auto recebeu o Cronos HGT para avaliação. Ao contrário do Argo HGT, a versão esportiva do Cronos não apresenta modificações mecânicas para aprimorar sua dinâmica, apenas elementos estéticos exclusivos e uma lista de equipamentos de série que a deixou com preço acima do Cronos Precision, antiga versão de topo de linha.

No site da montadora, o Cronos HGT tem preço sugerido de R$ 78,49 mil, valor exclusivo na cor sólida preto Volcano. Na cor perolizada branco Alaska, a mesma da unidade avaliada, o valor aumenta R$ 2,35 mil. Outras cores sólidas elevam o preço em R$ 0,80 mil e, as metálicas, em R$ 2,05 mil.

Os principais equipamentos de série da versão são: ar-condicionado digital, direção elétrica progressiva, travas e vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e antiesmagamento, central multimídia com tela touchscreen de 7 polegadas com Android Auto e Apple Car Play, bluetooth, sistema de reconhecimento de voz e entradas USB nas partes frontal e traseira do console central.

Também conta com volante com comandos do computador de bordo, rádio, telefone e controlador de velocidade, quadro de instrumentos de alta resolução TFT com tela de 7 polegadas personalizável e assinatura em LED nos faróis.

Entre os equipamentos de segurança, destaque para o ESC (controle de estabilidade), o TC (controle de tração), os freios com ABS e EBD, o airbag duplo, o Hill Holder (sistema que auxilia nas arrancadas do veículo em inclinações), o ESS (sinalização de frenagem de emergência), o gancho universal para fixação de cadeira para crianças (Isofix), o sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico e o alarme antifurto.

Diferenciais – Os principais diferenciais do Cronos HGT em relação às outras versões são os revestimentos dos retrovisores externos, o spoiler na tampa traseira, as rodas em liga leve de 17 polegadas e todos os emblemas pintados na cor preta.

No interior, a versão ganhou tapetes com assinatura HGT, tecidos dos bancos com desenho exclusivo e revestimento na cor preta para o teto e as colunas.

A unidade avaliada estava equipada com três dos cinco opcionais disponíveis para a versão. O Kit Tech, que acrescenta sensores de chuva e crepuscular, rebatimento elétrico dos retrovisores com luz de cortesia e o sistema de abertura das portas e partida com chave presencial. Os outros dois são opcionais avulsos: a câmera de marcha a ré e o teto em preto brilhante.

Este teto une o para-brisa com o vidro traseiro e, em conjunto com as rodas, grades, frisos e emblemas, tudo na cor preta, transformaram o Cronos HGT em um carro realmente esportivo, pelo menos no visual. Internamente, os materiais de acabamento exclusivos mudaram um pouco a ambientação, mas sem o mesmo impacto causado ao exterior.

Vale observar que, apesar da versão HGT ter um valor superior, ela traz equipamentos de série que são opcionais na Precision. Quando equipada com estes opcionais, a versão Precision fica mais cara, tornando o Cronos HGT uma opção com melhor custo-benefício.

Motor e câmbio – O motor da versão é o E.TorQ 1.8 16V, flex, de 4 cilindros em linha. Seu cabeçote tem comando de válvulas simples tracionado por corrente com variação de abertura apenas na admissão.

A injeção é indireta, multiponto e, a taxa de compressão, é 12.5/1. O torque máximo é 19,3/18,8 kgmf às 3.750 rpm e a potência atinge 139/135cv às 5.750 rpm com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é automático convencional com conversor de torque e 6 marchas. Ele oferece seleção entre automático e manual com possibilidade de comutação pela alavanca de câmbio ou pelas aletas (shift paddles) posicionadas atrás do volante.

O porta-malas do Cronos comporta 525 litros e, o tanque de combustíveis, 48 litros. Suas dimensões são: 4,36 metros de comprimento, 2,52 metros de distância entre-eixos, 1,98 metro de largura (do extremo de um retrovisor ao outro), 1,52 metro de altura e 165 mm de vão livre.

Interior – O interior garante ótimo espaço para as pernas, cabeça e ombros de quarto adultos. Como na maioria dos carros compactos, um ocupante no centro do banco traseiro fica menos confortável.

A ergonomia é boa, com todos os comandos à mão, principalmente os da central multimídia que é “flutuante”, destacada acima do painel central. As maçanetas internas e os comandos dos vidros e retrovisores elétricos são bem localizados, mas os puxadores das portas ficam um pouco avançados, dificultando o fechamento das mesmas.

Outras observações ficam para os pedais que estão mais deslocados para a direita que o ideal, causando o desalinhamento das pernas em relação aos braços, e os nichos para objetos que não são abundantes e nem muito espaçosos, mas atendem ao uso diário básico.

O acabamento interno é dos melhores na categoria. Mesmo produzidas com plásticos duros, suas peças apresentam diversas texturas, algumas variações de cores e todas são muito bem encaixadas e não apresentam rebarbas provenientes do processo de injeção.

Apenas em parte das portas dianteiras e nos apoios de braço das mesmas é que existem áreas acolchoadas. Nas portas traseiras não existe material macio, é tudo rígido mesmo.

Detalhes cromados e prateados em diversas peças internas e revestimentos que imitam couro, aplicados ao volante, coifa da alavanca de marcha e pomo da mesma, conferem algum requinte ao interior. A padronagem do tecido, exclusiva da versão, é aplicada apenas nos bancos dianteiros, mas combina com o visual esportivo do Cronos HGT.

Todos os seus equipamentos funcionam muito bem. O painel digital no centro do cluster é grande e apresenta diversas páginas com inúmeras informações sobre o veículo e a viagem. Na configuração de velocidade, os números aprecem centralizados e muito visíveis, facilitando permanecer dentro das máximas permitidas em cada trecho de rodovia.

A central multimídia funcionou com precisão, tanto usando o bluetooth, como os aplicativos de espelhamento para celulares, via cabo USB. Sua sensibilidade ao toque, velocidade de processamento e definição de tela são boas, mas existem sistemas melhores no grupo FCA (Fiat Chrysler Automóveis), como as novas centrais que equipam os modelos da Jeep, por exemplo.

Este equipamento e o ar-condicionado digital possuem botões físicos e giratórios para as principais funções, a arquitetura ideal. O sistema de refrigeração é eficiente, mesmo sendo de zona única.

Destaque do modelo são as suspensões

A direção elétrica é muito leve em baixas velocidades, ótima para manobras de estacionamento, mas poderia ser mais progressiva. Ainda em baixas velocidades, ela se torna mais pesada. Isso aumenta o controle em velocidades maiores, acima dos 100 km/h, mas torna cansativa a condução em lentos trechos de subida serra, por exemplo.

O sensor de estacionamento, aliado à câmera com guias gráficas esterçáveis, facilita bastante as manobras em garagens e, principalmente, ao se deslocar em marcha a ré em ruas inclinadas, pois a traseira alta do Cronos impede por completo a visibilidade através do vidro traseiro, nessas condições.

Apesar da boa potência do motor, falta torque em baixas rotações, característica dos propulsores com alimentação natural, sem turbo, e cabeçote com 16 válvulas. Usando o câmbio na posição manual, e deixando a rotação do motor acima das 4.000 rpm, o desempenho do Cronos HGT melhora consideravelmente.

Ele acelera e retoma com vigor, mas nada que o transforme em um verdadeiro esportivo. Segundo a própria Fiat, o consumidor dessa versão valoriza o visual diferenciado, mas não quer pagar o elevado preço de um esportivo e nem mesmo perder o conforto e o consumo moderado de um modelo familiar.

Conduzindo normalmente, motor e câmbio trabalham em harmonia, com trocas suaves e sem trancos. Usando as aletas para intervir nas marchas é possível acionar o freio motor, melhorando o consumo, ou esticar as mesmas, privilegiando o desempenho.

O acerto do conjunto mecânico, o isolamento acústico e a aerodinâmica contribuem para o silêncio interno, pois aos 110 km/h e de sexta marcha, o motor gira às 2.450 rpm e só se ouve o atrito dos pneus sobre o asfalto.

Destaque – O grande destaque desse modelo são as suspensões. Mesmo usando rodas na medida de 17 polegadas e pneus de perfil baixo, o Cronos é um carro confortável e estável, equilibradamente.

Em uma longa viagem, mais de 8 horas de duração, os passageiros elogiaram o conforto no banco traseiro, posição em que as irregularidades dos pisos são mais sentidas. Em alguns deslocamentos entre praias, por estradas de terra e com muitas pedras, o Cronos passou sem tocar para-choques e fundo e não aparentou fragilidade nas suspensões, sempre com quatro adultos a bordo.

O modelo apresentou bons números em nosso teste padrão de consumo, considerando que este motor não é dos mais modernos. Nas duas voltas de 38,4 km, uma aos 90 km/h e outra aos 110 km/h, ele registrou 11,9 km/l e 10,5 km/l, respectivamente, usando apenas etanol no tanque.

Circulando em cidades, também com etanol, ele se mostrou bem menos econômico, variando entre 5,5 km/l e 7 km/l, dependendo da intensidade do tráfego. Para uma maior economia no trânsito urbano, faz falta o sistema start/stop, que já equipou os modelos Argo e Cronos, mas a Fiat deixou de oferecer alegando pouca aceitação do consumidor.

Com os mesmos equipamentos, a versão Precision atinge um valor superior à HGT. Para quem gosta do visual esportivo, o Cronos HGT se torna uma opção imbatível. Quem prefere o visual mais clássico da Precision, pode comprá-la mais básica e mais barata ou pagar um pouco mais para levar os mesmos opcionais que a HGT oferece de série.
*Colaborador

**Leia essa, e outras matérias, no blog: www.dcautoblog.com

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail