Jeep Compass Trailhawk encara qualquer terreno

27 de março de 2020 às 0h10

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Amintas Vidal*

O Jeep Compass é o utilitário esportivo mais surpreendente do nosso mercado. Lançado em setembro de 2016, ele foi o SUV mais vendido em 2017 e 2018, mesmo sendo um modelo médio concorrendo com treze compactos, um grande e outro do seu tamanho. Em 2019, bateu seu recorde anual com 60.361 unidades comercializadas.

Porém, desceu para a vice-liderança. Só não superou o Jeep Renegade, seu irmão compacto que fechou o ano no topo da lista, pela primeira vez, ao registrar 68.726 emplacamentos, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

DC Auto recebeu o Jeep Compass Trailhawk para avaliação. No site da montadora, o preço básico da versão é R$ 181,99 mil. A pintura metálica custa R$ 1,80 mil e o opcional Pack High Tech, também presente na unidade avaliada, mais R$ 8,00 mil, totalizando R$ 191,79 mil.

Este pacote opcional traz controle de cruzeiro adaptativo (ACC), aviso de mudança de faixas (LDW), aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, comutação automática dos faróis, abertura automática do porta-malas e sistema de som premium Beats de 506 W (8 alto-falantes e um subwoofer).

Os itens de série mais relevantes do Compass Trailhawk são: sistema multimídia com tela de 8,4 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto, ar-condicionado de duas zonas, chave presencial para abertura das portas e partida remota ou por botão, sistema de estacionamento semiautônomo, banco do motorista com ajustes elétricos (8 posições) e faróis em xênon.

Seis airbags, sistema ABS para os freios, além dos controles de estabilidade, de tração, anticapotamento, de partida em rampas e autônomo de decida são os principais itens de série voltados para a segurança.

Os sensores de chuva e crepuscular, o espelho retrovisor interno eletrocrômico, o monitoramento de ponto cego, o gancho universal para fixação de cadeira infantil, as luzes diurnas em LED e o sistema de monitoramento de pressão dos pneus completam essa lista.

Off-Road – Alguns equipamentos para o fora de estrada são exclusivos desta versão: configurador da tração para 4 tipos de terreno, incluindo a opção Rock, modo inexistente nas outras versões turbodiesel, ganchos de reboque (dois dianteiros e um traseiro), rodas em liga leve aro 17 polegadas com pneus 225/60 R17 de uso misto e suspensão com altura mais elevada do solo. A certificação Trail Rated, da Jeep, atesta a capacidade off-road do Compass Trailhawk.

O conjunto propulsor é multinacional. Italiano, o motor Multijet 2.0 turbodiesel, de 4 cilindros, tem injeção direta e duplo comando acionado por correia dentada. Ele desenvolve 170 cv de potencia às 3.750 rpm e torque de 35,69 Kgfm às 1.750 rpm.

Produzido nos Estados Unidos, o câmbio é automático convencional com conversor de torque e tem nove marchas com possibilidade de trocas manuais na alavanca ou por meio das aletas atrás do volante.

De origem sueca, a tração pode ser bloqueada em 4×4, funcionar em modo reduzido e conta com programação automática ou selecionável para neve, areia, lama ou pedra. No modo automático, e em condições ideais de aderência, o sistema pode desacoplar a tração traseira deixando o Jeep em 4×2 para economizar combustível.

Interior – Acabamentos na cor preta predominam no interior da versão e detalhes em vermelho quebram um pouco a monotonia. A alta qualidade dos materiais se destaca no Compass.

Superfícies macias ao toque são encontradas nos painéis, portas e por toda a cabine, e não somente na parte da frente. As peças rígidas são feitas em plásticos de boa qualidade, sem rebarbas, bem injetados e encaixados.

Volante, câmbio e bancos são revestidos em material sintético que imita o couro costurado com linha vermelha. O nome Trailhawk bordado nos encostos dos bancos frontais e grossos tapetes feitos em borracha finalizam os diferenciais internos da versão.

A central multimídia funcionou com perfeição, tanto espelhando celulares como pareada ao bluetooth. Ela tem botões físicos rotativos para as principais funções, arquitetura ideal, e apresenta páginas dedicadas para operar seus recursos e uma para o ar-condicionado.

O tamanho da tela e a sensibilidade ao toque são muito bons. A definição da imagem e a velocidade de processamento podem melhorar. O som da marca Beats garante áudio com potência e qualidade, mas o subwoofer ocupa espaço no porta-malas.

O sistema de refrigeração de duas zonas funciona com grande eficiência. Tem botão físico giratório para a velocidade de ventilação e botões de pressão para regular as temperaturas e acionar as outras funções.

Este conjunto não é tão fácil de operar, pois ele fica na parte mais baixa do console e exige desvio do olhar para identificar os controles. A página dedicada ao ar-condicionado, existente no multimídia, traz seus comandos para uma posição mais ergonômica e, consequentemente, de uso mais seguro.

A ergonomia geral do Compass é muito boa. A alavanca de marchas, as maçanetas e os demais botões estão à mão. O banco do motorista está alinhado com o volante e os pedais e todos os assentos e encostos apoiam bem os ocupantes.

Quatro adultos e uma criança têm muito espaço para suas pernas, ombros e cabeças. A direção elétrica tem peso ideal em manobras de estacionamento e em velocidades diversas.

Apesar do tamanho, tecnologias auxiliam no dia a dia

O tamanho do modelo não facilita as manobras, mas os sensores de aproximação e a câmera de marcha a ré com guias esterçáveis amenizam a baixa visibilidade traseira cruzada.

O assistente de estacionamento semiautônomo reconhece vagas paralelas dos dois lados do carro, e também estaciona em posição perpendicular à via, recursos que compensam, ainda mais, suas dimensões avantajadas.

Os sistemas de auxilio à condução também ajudam. O controle de cruzeiro adaptativo reconhece os veículos e altera as velocidades a tempo para uma circulação segura. O aviso de permanência em vias é conservador e contraesterça antes mesmo dos pneus atingirem as faixas, mas ele não mantém a trajetória, serve apenas de alerta. O monitor de ponto cego é muito sensível e notifica qualquer objeto nessa região periférica.

Alguns destes recursos são ativados por botões que estão no console central e no volante. O procedimento não é muito amigável, exigindo algum tempo para adaptação do condutor. Operar áudio, telefonia e computador de bordo por meio de outros comandos, também localizados no volante, é bem mais fácil e intuitivo.

O Compass tem 4,42 metros de comprimento, 2,64 metros de entre-eixos, 1,82 metro de largura e, esta versão Trailhawk, mais elevada, 1,66 metro de altura. Dessa forma, suas medidas para o fora de estrada também são maiores: vão livre de 288 mm; 29,1° de ângulo de entrada; 33,1° de ângulo de saída; 23,7° de ângulo central e capacidade de submersão de 480 mm.

O porta-malas do Trailhawk é menor que o das outras versões, pois, roda e pneu reserva são idênticos aos de rodagem. São 390 litros de capacidade, 20 litros a menos. Seu sistema automático de abertura e fechamento é muito prático para colocar ou tirar cargas volumosas ou pesadas. O tanque de combustível comporta 60 litros.

Rodando – Todas as outras versões do Compass com motor flexível, ou turbo diesel, têm um acerto mais voltado para rodovias. Ótimo equilíbrio entre conforto e estabilidade, um comportamento dinâmico que lembra os sedans de luxo.

A versão Trailhawk é diferente. As suspensões mais elevadas, e os pneus com laterais altas mudam, o seu rodar. Ele assume uma dinâmica mais “jeep”, mais isolado do piso, e o acerto mais firme das suspensões garante robustez ao transpor obstáculos.

Circulamos em estradas de terra com variadas condições, das mais conservadas às mais esburacadas. O Compass Trailhawk se mostrou em casa, passando por tudo sem aparentar estar sofrendo com o castigo.

Encaramos um trecho com muita lama, bloqueados em 4×4, na seleção Mud e na reduzida. Na verdade, este último recurso trava o câmbio em primeira marcha, pois ele sempre usa a segunda para tirar o carro da inércia.

Passamos com o fundo do Compass tocando o barro diversas vezes, mas ele não perdeu a tração e cumpriu a travessia com eficiência, retomando rapidamente a trajetória ao nosso comando na direção.

Toda essa vocação para o off-road cobra seu preço no asfalto. Os pneus são barulhentos e a aerodinâmica piora com a maior altura em relação ao solo. Mas ele ainda é muito confortável em rodovias e o motor dá conta dos seus 1.751 kg, sem sobras, o suficiente para um desempenho convincente, considerando seu tamanho e a proposta familiar do modelo.

Consumo – Motor e câmbio respondem rapidamente, quando muito exigidos, e suavemente em uma condução econômica. Pudemos comprovar sua eficiência energética em nosso teste padrão de consumo rodoviário. Realizamos duas voltas de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e, outra, os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Somente o motorista, vidros fechados, ar-condicionado regulado na refrigeração intermediária e faróis acesos completam a padronização. Na volta mais lenta atingimos 19,1 km/l e, na mais rápida, 17 km/l. Excelente consumo para um SUV médio turbodiesel.

No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos, e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito. Seguindo os padrões complementares descritos, o Compass Trailhawk atingiu uma boa média urbana de 9,1 km/l.

O Jeep Compass Trailhawk é um SUV médio ideal para quem trafega por rodovias, estradas de terra e, eventualmente, encara trechos de barro, areia ou pedra que exigem uma versão preparada para estes terrenos. Para quem não circula no fora de estrada, existem outras três versões turbodiesel que entregam mais conforto e economia sobre o asfalto.

*Colaborador
**Essa e outras matérias no nosso blog: www.dcautoblog.com

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