Jeep Renegade demonstra os motivos do seu sucesso entre os utilitários

12 de abril de 2019 às 0h05

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Créditos: Amintas Vidal

AMINTAS VIDAL*

Quando a Fiat comprou a Chrysler, tornando-se a FCA (Fiat Chrysler Automobiles), com certeza ela estava de olho na galinha dos ovos de ouro do grupo americano, a marca Jeep. Apesar da Chrysler ser composta por outras marcas, o que a montadora italiana precisava era de um nome forte no off-road, segmento no qual ela não tinha representantes no Brasil e nem modelos expressivos na Europa.

O nome Jeep é usado até para identificar automóveis sem nenhuma ligação com a marca, pois se tornou sinônimo de veículo todo-terreno. Entretanto, seus produtos eram caros e atendiam a um nicho de mercado que pagava por sua real capacidade de superar obstáculos ou pelo luxo que eles ofereciam.

Mas para competir entre os utilitários compactos, e mesmo entre os médios, a FCA precisou desenvolver modelos mais atualizados e de custo mais baixo que os já existentes na gama Jeep.

Mercado – No Brasil, o Renegade estreou em 2015 e o Compass em 2016. Ambos fizeram sucesso, mas o Compass foi a grande surpresa, pois liderou a categoria por dois anos consecutivos, 2017 e 2018, mesmo sendo um modelo médio e mais caro, deixando uma dezena de concorrentes compactos para trás, inclusive o seu “irmão” menor.

Este ano, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no primeiro trimestre, os dois modelos lideram na categoria, com 15.671 emplacamentos para o Renegade, agora à frente, e 12.955 para o Compass.

DC Auto avaliou o Jeep Renegade Longitude AT 2.0 Turbodiesel 4×4 há dois meses. A versão tem o segundo valor mais alto do modelo, R$ 127,99 mil.

Agora, avaliamos a Trailhawk AT 2.0 Turbodiesel 4×4, dona da etiqueta mais cara, R$ 139,99 mil, ambos os preços sugeridos no site da montadora.

Além de mais equipada de série, a versão Trailhawk é mais preparada para o off-road: suspensões elevadas em 20 mm, pneus de uso misto e 3 ganchos para ancoragens de cintas para reboque.

Dos R$ 12 mil de diferença, R$ 6,18 mil pagam dois pacotes de equipamentos que na Longitude são opcionais: o Pack Safety (R$ 3,88 mil) que traz os airbags laterais, de cortina e o de joelhos para o motorista e, o outro opcional, traz os faróis em Full Led (R$ 2,30 mil).

Contudo, R$ 5,82 mil é o valor cobrado pelas diferenças voltadas para o uso no fora de estrada, mencionadas acima, e características funcionais e estéticas da versão como tapetes feitos em borracha, no lugar dos feitos em carpete, e teto e parte do capô em preto, por exemplo.

Em termos absolutos a diferença de preço entre a Longitude e a Trailhawk significa 10% a mais, mas relativamente, considerando os valores dos equipamentos que são de série na versão mais cara, o valor representa pouco mais que 4%.

Sendo assim, entre as duas versões, a prioridade de uso deve definir a escolha do consumidor. Para ajudar nessa decisão, descreveremos a avaliação da versão Trailhawk pontuando as diferenças em relação à versão Longitude.

Trailhawk x Longitude – Além dos dois itens que a Trailhawk apresenta a mais do que a Longitude, já descritos anteriormente, os principais equipamentos de série da versão são: ABS, acendimento automático dos faróis, airbags dianteiros (além dos outros cinco), ar-condicionado dual zone, bancos, volante e manopla do câmbio revestidos em material que imita couro com costura na cor “vermelho rubi”, saídas de ar e console central também em vermelho rubi.

Também com partida por botão e chave presencial para abertura e fechamento das portas, controle de estabilidade, de tração e anticapotamento, câmera e sensor de estacionamento traseiro, direção elétrica, HDC (controle eletrônico de velocidade em descidas) e assistente de saída em rampas, rodas em liga leve aro 17’ polegadas e pneus 225/60 all terrain, sistema multimídia com tela touch de 8.4 polegadas e conexões USB e bluetooth com possibilidade de espelhamento por Apple Carplay e Android Auto, entre outros.

As duas versões têm o mesmo conjunto mecânico, motor, câmbio e sistema de tração. O motor de 4 cilindros é o Multijet 2.0 turbodiesel com injeção direta e duplo comando acionado por correia dentada.

Ele desenvolve 170cv de potencia às 3.750 rpm e torque de 35,69 Kgfm às 1.750 rpm. O câmbio é automático com conversor de torque e 9 marchas. A tração é integral e conta com programação automática ou dedicada para areia, neve, lama ou pedra, além de funcionar em reduzida ou em reduzida com bloqueio, tudo comutável por botão localizado no console central.

No modo automático, o sistema pode desacoplar a tração no eixo traseiro, em condições de alta aderência, deixando o Jeep em 4×2 para economizar combustível.

Suspensão e pneus – Contudo, as diferenças dinâmicas das versões são provenientes da maior altura das suspensões e dos pneus de uso misto. A Trailhawk apresenta maior conforto de marcha, pois as rodas menores e os pneus com ombros mais altos permitem uma calibragem mais baixa dos mesmos.

Créditos: Amintas Vidal

Com isso, o conjunto filtra melhor as irregularidades do solo, causando menos vibrações e baques no interior da cabine. Por outro lado, o conforto acústico é bem prejudicado: estes pneus são muito ruidosos, tornando as viagens no asfalto menos silenciosas. Até o ruído do vento contra a carroceria parece ser mais elevado, provavelmente devido à maior altura em relação ao solo.

Quando avaliamos a versão Longitude, nós percorremos dois trechos de 50 km buscando o máximo de economia possível e atingimos 22 km/l na melhor aferição. Refizemos este exercício com a Trailhawk, circulando ao nível do mar, condição que favorece a economia, devido a maior pressão atmosférica.

Entretanto, ela foi menos econômica, alcançando “apenas” 19,6 km/l. Já esperávamos uma diferença, pois os pneus de uso misto são mais resistentes ao rolamento e a maior altura da carroceria prejudica a aerodinâmica.

Utilitário esportivo encara, sem problemas, diversas condições de utilização

Créditos: Amintas Vidal

A última, e grande diferença das versões, está no propósito de uso. Circulamos por muitas estradas de areia batida para acessar praias entre Alagoas e o Rio Grande do Norte. Semelhantes às estradas de terra em que testamos a versão Longitude, certamente ela se sairia muito bem nessas condições.

Mas na estrada entre Pipa (RN) e a praia de Sibauma (RN), mesmo percurso escolhido para o teste da versão Trailhawk no lançamento da linha Renegade 2019, encaramos, aproximadamente, 20 km de areia fofa.

Usando a tração selecionada em sand (areia) passamos pelos trechos piores, bases de dunas, sem problemas. Nem foi preciso usar a reduzida ou o bloqueio do sistema. Se estivéssemos com a versão Longitude, não teríamos a mesma facilidade, pois os pneus não dariam a mesma tração e o fundo do Jeep poderia apoiar nos diversos montes de areia do percurso.

No mais, as versões têm comportamento praticamente idêntico. Por ser mais alto e ter menor distância entre eixos, o Renegade não chega a ser tão confortável quanto o Compass. Sua pegada é mais de Jeep e menos de sedan.

Não que seja desconfortável, pelo contrário, mas a posição elevada dos ocupantes e a forma quadrada da carroceria são mais típicas de um utilitário. A visibilidade é muito boa para todos os lados e a ergonomia é acertada.

Exceção à visão cruzada, pois as colunas “C” são muito largas. Os retrovisores externos são grandes, ampliando a visibilidade para trás, mas requerem cuidados, pois costumam esconder pessoas e até mesmo veículos menores quando se olha para os lados.

O “jipinho” circula com desenvoltura na cidade, pois o motor é forte e esperto, principalmente acima das 2.000 rpm. Na estrada é ainda melhor, atinge os 110 km/h com apenas 1.750 rpm, usando a nona marcha, garantindo economia de combustível.

Tecnologia – Três recursos merecem destaque: a chave presencial foi perfeita para uma viagem, pois ficou em um bolso de mochila protegida da areia, sol e água. Não precisava ser retirada deste local, bastando portar a mochila para abrir, ligar ou fechar o carro.

A câmera de marcha à ré com guias gráficas, e o sensor de estacionamento, auxiliaram bastante em manobras nas apertadas garagens dos locais em que hospedamos.

Por fim, a possibilidade de trocar as marchas pelas aletas (paddle shift) atrás do volante contribuiu para segurança em ultrapassagens, permitindo reduções que faziam o motor subir o giro e, ao Renegade, ganhar velocidade rapidamente. Este recurso também ajudou na economia de combustível, pois permitiu usar o freio motor com mais frequência.

Apesar de eficiente, a programação do câmbio não é permissiva. Ele só avança as marchas, tanto automaticamente, como no modo manual, se as velocidades forem maiores que as dezenas correspondentes às marchas, por exemplo, a quinta só entra após os 50 km/h, a sexta só após os 60 km/h, etc.

Nas marchas mais altas a situação piora, pois a 8ª só entre após os 90 km/h e, a 9ª, só depois dos 105 km/h. O carro fica um pouco amarrado assim e, só mantém as velocidades mais altas se o motorista acelera. Para quem gosta de desempenho, o Renegade diesel é muito bem resolvido, mas, para quem prioriza economia, essa característica chega a incomodar.

Circulamos um total de 1.174 km. Aferimos o consumo por 1.155 km e, nossa média total, estrada e cidade, rodando prioritariamente de forma econômica, foram bons 14,7 km/l. Desse percurso, 80% foi feito em rodovias e 20% em cidades e trilhas.

Como dissemos anteriormente, o tipo de uso define a escolha entre as versões. Para quem raramente vai encarar uma trilha leve ou média, a melhor opção é a Longitude. Mas, para quem se aventura nos fins de semana no barro ou areia, o Renegade Trailhawk é a melhor escolha. (AV)

*Colaborador

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