A literatura da Guiné Bissau

31 de maio de 2019 às 0h03

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Crédito: Divulgação

ROGÉRIO FARIA TAVARES *

Um dos 54 países do continente africano, a Guiné Bissau foi colônia portuguesa desde o século 18. Depois de anos de resistência, declarou sua Independência em 1973. Após a sua libertação, o país mergulhou numa série de episódios que revelaram sua imensa fragilidade política e institucional, registrando vários golpes de estado. O que nos interessa hoje, no entanto, não é a política guineense, e sim a sua literatura.

Em razão de vários fatores históricos, culturais e sociais, as letras guineenses apresentaram um desenvolvimento tardio. Para se ter uma ideia, as campanhas de alfabetização da população começaram apenas por volta de 1948.

A literatura, até aí, existia numa de suas expressões mais ricas, a da tradição oral, no caso da Guiné Bissau, integrada por lendas, adivinhas, provérbios e histórias passados de geração em geração, dos mais velhos para os mais novos.

A coleta dessas histórias foi feita pela primeira vez pelo cônego Marcelino Marques de Barros, quando publicou o livro “Literatura de Negros”, em 1900. Mais tarde, já depois da Independência, foram editadas duas coleções, uma de adivinhas e outra de histórias, ambas organizadas por Tereza Montenegro e Carlos Morais.

As tradições orais na Guiné estão intimamente ligadas à língua geral, o crioulo, e não à língua oficial. Para muitos, o crioulo surgiu como uma língua intermediária entre as diferentes línguas locais e o português. É um idioma de transição, uma mistura daqueles falados na Guiné Bissau, tendo o português como a língua base e tomando emprestado das diversas outras línguas nativas os seus elementos linguísticos.

Entre os primeiros livros publicados no país, a professora Moema Parente Augel ressalta “Poemas”, de Carlos Semedo, pseudônimo de Antonio José Jacob Leite de Magalhães, em 1963. Já em 1973, saiu a antologia de poemas denominada “Poilão”, com textos de autores portugueses, cabo-verdianos e guineenses. Entre os guineenses estavam Pascoal D’artagnan Aurigemma, Atanásio Miranda, Antônio Batican Ferreira e Tavares Moreira.

No que se refere às mulheres escritoras, Domingas Samy é a autora do primeiro livro de ficção da Guiné Bissau, “A escola”.

Uma das escritoras mais representativas do panorama da cultura da Guiné Bissau, na atualidade, é Maria Odete da Costa Soares Semedo. Mas sobre ela e sua belíssima obra falarei com calma, nas próximas semanas.

*Jornalista e presidente da Academia Mineira de Letras

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