Aleijadinho é tema de atividades na Casa Fiat

18 de novembro de 2021 às 0h30

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Crédito: Studio Cem

Hoje, celebra-se o Dia do Barroco. A data foi instituída em 2012 e é uma homenagem à vida e obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, falecido em 18 de novembro de 1814. Para marcar essa semana, a Casa Fiat de Cultura realiza uma série de atividades, que fazem parte da programação de “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro”, em cartaz até 2 de janeiro.

O público poderá participar do programa “Encontros com o Patrimônio” sobre a vida e a obra de Aleijadinho, considerado uma espécie de herói nacional pelos modernistas brasileiros; ver as etapas de restauro de obras em uma visita presencial à Casa Fiat de Cultura; além de acessar conteúdo online exclusivo.

No próximo domingo, o “Encontros com o Patrimônio” convida o artista visual, curador e educador Claudinei Roberto da Silva para um bate-papo sobre “Aleijadinho: negritude e identidade nacional no modernismo brasileiro”. O evento fará um breve panorama sobre a profusão de artistas negros atuantes no Brasil colonial, com foco na vida e na obra do mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Também serão abordadas reflexões sobre a visão dos modernistas paulistas, que o elegeram como o maior representante de uma arte genuinamente brasileira, em um momento em que artistas e intelectuais buscavam forjar uma identidade nacional para o País.

O ponto central da fala de Claudinei será a experiência com a obra “Nossa Senhora das Dores” de Antônio Francisco Lisboa, pertencente ao acervo do Museu de Arte Sacra da cidade de São Paulo. “Estabeleço relações com esta obra e a realidade que fez surgir uma produção artística afro-brasileira caracterizada, frequentemente, pela denúncia das injustiças sociais derivadas do nosso passado escravista”, explica. Para explicitar a atualidade dessa obra, ela será contrastada com obras de artistas negros contemporâneos, como Sidney Amaral e No Martins.

A historiadora e educadora da Casa Fiat de Cultura, Ana Carolina Ministério, destaca que, assim como aconteceu com outras nações, o Brasil passou a buscar uma identidade nacional própria no fim do século 19 e início do século 20. Nesse cenário, um grupo de modernistas começou a pesquisar diferentes referências do que era produzido no país – até então, fortemente influenciado pelas matrizes culturais europeias. Em Minas Gerais, se depararam com o Barroco e a arte do Mestre Aleijadinho, e a imagem do escultor trágico e genial fortaleceu a criação do mito fundador da arte nacional.

“Neste período, pesquisaram e registraram manifestações culturais folclóricas e a arte colonial, com o objetivo de encontrar as raízes da cultura brasileira e uma produção artística nacional genuína. Enxergaram no Aleijadinho a figura para compor esse projeto, já que ele era mestiço, filho de um português com uma mulher negra escravizada, que vivenciou a exploração colonial e adaptou referências artísticas europeias às condições locais”, explica a educadora.

O evento será transmitido on-line, ao vivo, das 11h às 12h30. As inscrições são gratuitas pela Sympla.

Exposição – O patrimônio cultural denota o valor das formas de manifestação de nossa memória e evidencia a importância do conhecimento das raízes de nossa identidade. Prova disso são as expressões artísticas pregressas: ao se transformarem em um legado, nos moldam até os dias atuais e, mais do que isso, trazem perspectivas e referências para o futuro. Para celebrar seus 15 anos, “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro” é um presente da Casa Fiat de Cultura a Minas Gerais e ao Brasil.

O grande destaque desta iniciativa inédita está no cuidadoso restauro de três obras de Aleijadinho (1738-1814), guardadas sob as montanhas de Minas Gerais: as imagens de Sant’Ana Mestra, de São Joaquim e de São Manuel. Em uma experiência viva e única, é possível conhecer os bastidores do ateliê e vislumbrar detalhes das etapas do restauro.

Durante todo o mês de novembro, o público da Casa poderá agendar, pela Sympla, visitas mediadas pelo Programa Educativo ao ateliê-vitrine instalado no hall da Casa Fiat de Cultura. As visitas são presenciais e mostram o delicado processo de restauração das obras.

A restauração das três obras de Aleijadinho está sendo feita pelo Grupo Oficina de Restauro, com o acompanhamento técnico do Iphan. A dinâmica desenvolvida na Casa Fiat de Cultura permite a aproximação entre os visitantes e os restauradores, que podem acompanhar todo o passo a passo e conhecer os bastidores de um restauro.

Todo o trabalho de pesquisa e análise das obras foi feito anteriormente, bem como fotos científicas e a leitura de raio X. Durante a visita, o público terá acesso a parte desses processos e conhecerá, de perto, os materiais e técnicas empregados na restauração.

Os processos do restauro vivo que acontece em “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro na Casa Fiat de Cultura” são contados em oito episódios, divididos em três atos: passado, presente e futuro. Entre os principais temas estão o contexto histórico e artístico de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a importância do barroco para o Brasil e o rico legado composto pelas três obras em restauro – Sant’Ana Mestra, São Joaquim e São Manuel.

O público poderá conferir tudo isso a partir das vozes das pessoas envolvidas diretamente no processo: as comunidades, a curadoria e a equipe de restauração. Os vídeos estão disponíveis no YouTube da Casa Fiat de Cultura, com novos lançamentos até 27 de dezembro.

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