Filarmônica exibe obras de Mozart e Kalinnikov

30 de setembro de 2021 às 0h30

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Crédito: Rafael Mota

Hoje e amanhã, às 20h30, na Sala Minas Gerais, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob regência do maestro Fabio Mechetti, realiza um concerto dedicado a Mozart e a Kalinnikov. Do gênio austríaco, será interpretada a “Serenata nº 9 em Ré maior, Posthorn”, obra que valoriza os instrumentos de sopro. Do russo Kalinnikov a orquestra interpretará a “Sinfonia nº 1 em sol menor”, obra que reúne as características da música russa do final do século XIX.

As apresentações terão presença de público, sendo que a venda de ingressos estará disponível no site www.filarmonica.art.br ou na bilheteria da Sala Minas Gerais.  O concerto de hoje terá transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube.

Em decorrência do novo decreto da Prefeitura de Belo Horizonte, publicado no dia 17 de setembro, com orientações sobre a prevenção da Covid-19 em casas de espetáculo, a Sala Minas Gerais passa a trabalhar com ocupação de 50% da sua capacidade, podendo receber até 749 pessoas em suas apresentações. A capacidade total da Sala é de 1.493 lugares. O acesso à sala de concertos será encerrado cinco minutos antes do horário da apresentação; assim, as portas serão fechadas às 20h25.

Durante o intervalo das apresentações serão realizados os “Concertos Comentados”, palestras em que especialistas comentam o repertório da noite. A curadoria do projeto é do percussionista da Filarmônica, Werner Silveira, e o convidado é o músico Rodrigo Bustamante, violinista da Filarmônica.

Repertório – A obra “Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn” (1779), de Wolfgang Amadeus Mozart, foi encomendada para a cerimônia de encerramento do ano letivo da Universidade de Salzburgo. A Serenata K. 320 foi composta e lançada em 1779, quando o compositor ainda residia em sua cidade natal. Na instrumentação, que valoriza particularmente os instrumentos de sopro, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé (como no terceiro e quarto movimentos) e inclui de maneira inusitada partes para o flautim no segundo minueto e um solo para a trompa de posta. Em uma época em que o e-mail sequer era concebido e na qual a eletricidade era curiosidade de circo, a chegada e saída dos correios, único meio de comunicação a distância, era um evento importante. Ele era anunciado, dentre outras coisas, por um toque de trompa.

Da mesma forma que, nas cidades históricas de Minas Gerais, cada tipo de badalada dos sinos das igrejas tem um significado específico, o toque da trompa de posta era imediatamente reconhecível e distinto do toque da trompa de caça, usado obviamente para as caçadas. Ouve-se esse solo de trompa no segundo trio do segundo minueto, o que conferiu o subtítulo à obra.

Dedicada a Semyon Kruglikov, Kalinnikov escreveu sua “Primeira Sinfonia” em Ialta, no ano de 1895. Kruglikov, crítico musical importante de Moscou, amigo e ex-professor do compositor, caiu de amores pela obra e enviou uma cópia a Rimsky-Korsakov, na época a personalidade musical mais importante da Rússia. O nacionalista Korsakov recusou-se a regê-la, curiosamente, por conter, no primeiro movimento, “uma melodia excessivamente russa”. Ao que tudo indica, a recusa se deveu não à obra propriamente dita, mas ao fato de Korsakov e seus antigos amigos de São Petersburgo, o chamado Grupo dos Cinco, cultivarem há muito o hábito de rejeitar qualquer música vinda de Moscou.

A Sinfonia nº 1 de Kallinikov, no entanto, parece produzir a fusão perfeita entre as duas principais correntes musicais russas do final do século XIX: de Moscou, lança mão do lirismo e de um certo refinamento orquestral inspirados em Tchaikovsky; de São Petersburgo, resgata a estruturação musical e o uso de material folclórico à moda dos compositores do Grupo dos Cinco, especialmente Borodin.

A obra estreou em Kiev, em 1897, pela Sociedade de Música Russa, e foi um sucesso. Seguiram-se concertos em Moscou, Viena, Berlim, Paris e Londres, para logo depois, inexplicavelmente, cair no esquecimento. Injustamente negligenciada no ocidente, a obra de Vasily Sergeyevich Kallinikov (1866-1901), compositor cujos 150 anos celebramos em 2016, guarda ainda um intocado frescor da vida musical russa do final do século XIX.

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