A partir de hoje e até o próximo domingo será realizada a mostra gratuita e on-line “Cine Direitos Humanos 21 – Olho no Olho”, composta por 78 filmes, sendo muitos históricos, outros inéditos, criativos, divertidos, dramáticos, provocativos e inspiradores. Com curadoria de Beatriz Goulart, Alexandre Pimenta e Rita Cupertino, a programação conta com curtas, animações, médias e longas-metragens de temáticas variadas e para um público de diferentes idades.
O objetivo é retratar um pouco a enorme diversidade de temas que refletem as humanidades e suas escolhas, revelando potencialidades pessoais e coletivas no enfrentamento de ataques aos princípios que regem a carta de Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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Para assistir os filmes, basta se cadastrar no site da Polo Audiovisual e, a partir de hoje, acessar “Cine Direitos Humanos 21 – Polo Audiovisual TV”. Os filmes estão agrupados nos programas Tempo Suspenso, Ocupa, Diversidade e Luta, Contemporaneidades, Políticas Extremas, Infâncias, Juventudes, Africanidades e Janelas.
Em um momento político autoritário, espelho e motor de uma sociedade extremamente normativa, ainda casa grande, ainda senzala, o que foge ao que se convencionou chamar de civilidade é considerado barbárie, e em nome da normatização a sociedade tende a barbarizar o que não é comum. As sociedades enrijecidas tornam-se permeáveis ao espelhamento não crítico, momento onde os falseamentos encontram terreno fértil para serem assumidos como verdades.
Nesse contexto, o evento traz filmes como “Virou Brasil”, onde os índios ironizam os estratagemas da cultura dominante para diminuí-los e roubá-los; “Essa Terra é Nossa” e “Guardiões da Floresta”, com suas histórias de lutas para defesa de território; e “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, que mostra as dificuldades de ser um indígena no Brasil contemporâneo.
Outros filmes perturbadores, essenciais nesse momento são “eagoraoque”, dos cineastas Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald; “Dona Sônia pediu uma arma para seu vizinho Alcides”; “Para onde voam as feiticeiras”, que aponta para os preconceitos de gênero e raça; os artísticos “Sanã”, “Obatalá”, e “Preta-Prata”; e o que se poderia chamar de filme de resistência – “Morcega” -, entre outros curtas feitos com jovens em situação prisional e que experimentam falar de si, sem a própria imagem, sem nomes próprios e sem lugar. Daí a importância de uma mostra de direitos humanos ser também etnográfica, antropológica e artística, evidenciando a resistência e observando com olhos lavados a infância e a delicadeza da sociedade dos quintais, do não capitalismo definindo relações.
A programação traz também filmes belíssimos sobre o brincar na terra batida, nas regiões brasileiras, com diferentes geografias e sotaques. E há documentários sobre a pandemia e a clausura, as dificuldades e descobertas desse novo viver. Ampliar o olhar, encostar o olho no olho, sair do controle da mídia e retomar o poder político de encarar o outro e a si mesmo, sentir o alcance das mãos, dos punhos, acessar sentimentos amortecidos, recobrar o poder das ruas, voltar a se revoltar.
A mostra contará com três lives com especialistas das áreas de saúde pública, educação e política, com participação de pessoas de grande influência na cidade de Belo Horizonte e com projeção nacional. As conversas ocorrerão hoje, amanhã e na próxima sexta-feira, a partir das 19h.
Acompanhe a programação nas redes sociais e na plataforma.