Igreja vai discutir abusos de religiosos contra crianças

19 de fevereiro de 2019 às 0h05

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Crédito: Tomaz Silva/Abr

Brasília – O encontro “A proteção das crianças na Igreja” discutirá as denúncias de abusos cometidos por religiosos contra crianças e adolescentes, entre os próximos dias 21 e 24. Participarão representantes de conferências epicospais de 130 países e integrantes de grupos de vítimas. O papa Francisco fará a abertura e o encerramento do encontro. 

O secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e membro da Comissão Organizadora, arcebispo de Malta Charles J. Scicluna, disse que o silêncio é inaceitável. “A negação é um mecanismo primitivo, mas devemos nos afastar do código de silêncio, quebrar a cumplicidade, porque o silêncio não é aceitável”.

O arcebispo destacou que, quando se trata de “proteger a inocência”, não é possível desistir. “A Igreja é um lugar seguro para todos, especialmente as crianças”, ressaltou. Segundo Scicluna, “não basta publicar os números, é preciso um estudo aprofundado para dar um contexto”.

Pela organização do encontro, os três dias de discussão serão dedicados a um tema específico: a responsabilidade dos bispos. Os participantes vão assistir três reportagens por dia seguidas de perguntas e respostas e trabalhos em grupo.

Haverá ainda testemunhos dos sobreviventes e momentos de oração, na abertura e no encerramento do dia. O papa Francisco abrirá os trabalhos com uma introdução e os fechará no domingo com um discurso após a missa. 

O presidente da Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger – Bento XVI, padre Federico Lombardi, fará reuniões privadas com representantes das associações de vítimas.

O encontro ocorre dias depois de o papa Francisco expulsar o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA), Theodore McCarrick, de 88 anos. No último domingo (17), durante a celebração pública, o papa Francisco pediu orações a todos. Segundo ele, todos devem assumir suas responsabilidades diante de “um desafio urgente do nosso tempo”.

De acordo com o Vaticano, o encontro pretende adotar ações concretas e decisões em nome da justiça e verdade. Em recente discurso ao Corpo Diplomático na Santa Sé, o papa ressaltou que “abusos contra menores” constituem um dos piores e mais vis crimes possíveis.

O presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, cardeal Seán O’Malley, disse que a reunião marcará o momento de desenvolvimento de um caminho claro para a Igreja, baseado em verdade, justiça e maior transparência.

Segundo O’Malley, a conferência “é dirigida principalmente aos bispos”, que “têm grande responsabilidade” sobre a questão, mas, ao mesmo tempo, leigos e mulheres “especialistas no campo do abuso darão sua contribuição e ajudarão a entender o que precisa ser feito para garantir transparência e responsabilidade”.

No último sábado (16), o Vaticano anunciou que a Congregação para a Doutrina da Fé expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA) Theodore McCarrick.

O religioso foi acusado de abusos sexuais a menores e seminaristas, informou a assessoria de imprensa da Santa Sé, em comunicado. (ABr, com informações da rádio pública do Vaticano)

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