A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, apresenta a mostra inédita “Do Cinema Tudo se Leva: Capra e McCarey”, que exibe, a partir de hoje e até 23 de junho, 21 filmes dirigidos por Frank Capra e Leo McCarey, expressivos diretores da história do cinema com grande atuação e influência durante a Era de Ouro de Hollywood.
A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos durante o horário de funcionamento da bilheteria, no dia de cada sessão, com lotação máxima do cinema de 133 lugares, além de quatro espaços reservados para cadeirantes. O público também terá a oportunidade de conferir as tradicionais sessões “Cinema e Psicanálise” e “História Permanente do Cinema”, seguidas de debates presenciais e on-line no canal do Youtube da Fundação Clóvis Salgado.
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Após a crise financeira instaurada nos Estados Unidos em razão da Grande Depressão de 1929, o cinema, assim como diversas manifestações artísticas e culturais ao longo da história, tornou-se uma grande válvula de escape e de esperança para a sociedade norte-americana. Frank Capra e Leo McCarey foram diretores precursores e extremamente relevantes para a mudança de paradigmas da sétima arte nesse período, que é considerada a Era de Ouro de Hollywood. Os autores abordavam em suas produções longas histórias de sujeitos comuns em busca de redenção pessoal e espiritual, além de narrativas esperançosas de buscas por um sonho. Uma grande metáfora do que o país vivia durante aqueles anos.
“Esse cinema possui uma grande influência do momento político no qual os Estados Unidos estavam vivendo, onde abalou-se a ideia do sonho americano e de todo o progresso que estava ocorrendo. Os filmes de Capra e McCarey têm uma aura de conto de fadas e de personagens que se encontram e tem uma redenção pessoal. São diretores de filmes com mensagens morais e de esperança, que entendiam o país que filmavam. Acredito que seja um momento importantíssimo de realizar essa mostra, principalmente após uma pandemia que vitimizou milhares de pessoas. São filmes que estabelecem uma fé no ser humano e na sociedade, assim como foi o papel do cinema naquela época”, explica Vítor Miranda, da Gerência do Cine Humberto Mauro.
“Sonho americano” – Vencedor de três Oscars da Academia de Melhor Diretor durante a década de 1930, o nome de Frank Capra está marcado na história do cinema como um dos maiores realizadores da arte. Conhecido como “o diretor do sonho americano”, o italiano, naturalizado cidadão dos Estados Unidos, teve o auge de sua carreira ao longo dos anos 1930 e 1940 e é apontado como o realizador mais popular daquele período. Capra abordava em seus filmes a história do homem comum que enfrenta um sistema burocrático e que através do trabalho honesto e singelo, chega a um patamar de conforto e êxito.
“Adoro quando as pessoas riem. Adoro quando choram. Eu gosto que uma história diga algo e eu espero que o público se sinta mais feliz saindo do cinema do que quando entrou”, são palavras de Leo McCarey. O norte-americano, também vencedor três vezes do Oscar da Academia de Melhor Diretor, é considerado um dos grandes nomes da história cinematográfica, porém é um cineasta pouco lembrado e discutido atualmente. McCarey abandonou a profissão de advogado para viver de cinema em uma época na qual tal medida era vista como arriscada e despretensiosa. Entre os seus filmes incluídos na mostra, destaca-se “Tarde Demais Para Esquecer” (foto), de 1957, estrelado por Cary Grant e Deborah Kerr.
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Em seus longas, o realizador abordava personagens que buscavam a redenção e o encontro pessoal, assim como viveu o próprio diretor. “McCarey tentou várias profissões antes de ser cineasta e traz isso em seus filmes. Muitos personagens vão se encontrar tanto espiritualmente, quanto nos aspectos individuais, o que traz uma extrema identificação do público aos seus filmes”, ressalta Vítor Miranda.
Serão exibidos 13 longas de Frank Capra e oito de Leo McCarey. Para Vítor Miranda, um dos grandes destaques da programação é a exibição do filme Aconteceu Naquela Noite (1934), longa que revolucionou a linguagem dos gêneros cinematográficos. “Temos filmes extremamente importantes do cinema nessa mostra. Nos anos 1930, tivemos uma grande definição dos gêneros cinematográficos. O longa que vamos exibir, Aconteceu Naquela Noite, é frequentemente citado como o filme que mudou o rumo da comédia romântica. Tudo o que aconteceu depois em filmes deste gênero, possui um pouco deste filme. É um longa que fez muito sucesso, vencendo a categoria de Melhor Filme no Oscar, além de Capra ter vencido como Melhor Diretor”, relata.
Percorrendo a Era de Ouro de Hollywood, além de abordar os mais variados temas e pautas sociais, a mostra transita por diversos longas significativos. “Outros filmes extremamente relevantes que vamos exibir são O Adorável Vagabundo e A Felicidade Não Se Compra, ambos de Frank Capra. São grandes clássicos do cinema, que vão tratar sobre o sujeito comum, que está passando por dificuldades financeiras e que perdeu a fé na vida. Mas, através de uma segunda chance, consegue se valorizar e entender porque vale a pena estabelecer uma esperança. Temos também o longa A Cruz dos Anos, de Leo McCarey, que trata sobre a velhice e a previdência social, uma das grandes conquistas sociais nos Estados Unidos daquela época.
As sessões comentadas presenciais da História Permanente do Cinema contam com os filmes “Umberto D” (1952), no dia 2 de junho (quinta-feira), às 17h; “Viver” (1952), no dia 9 de junho (quinta-feira), às 17h, além da sessão comentada on-line de “Adorável Vagabundo” (1941), através do canal do YouTube da FCS, no dia 13 de junho (segunda-feira), às 19h. A sessão comentada presencial do “Cinema e Psicanálise” conta com o longa “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), no dia 3 de junho (sexta-feira), às 19h30.