No centenário do escritor Antonio Olinto

3 de maio de 2019 às 0h02

img
Créditos: MARCELLO CASAL JR

ROGÉRIO FARIA TAVARES*

Nascido no município de Ubá, em 10 de maio de 1919, Antonio Olinto era filho de José Marques da Rocha e de Áurea Lourdes Rocha. Era conterrâneo, pois, de Ari Barroso e da nobre linhagem que descende do senador Levindo Coelho. Passou grande parte da infância no município de Piau, terra de sua mãe, na Zona da Mata mineira. Depois de fazer os estudos primários em sua cidade natal, ingressou no Seminário Católico de Campos, no norte fluminense, onde concluiu o curso secundário. Prosseguiu seus estudos no curso de Filosofia do Seminário Maior de Belo Horizonte e no Seminário Maior de São Paulo.

Depois que desistiu de ser padre, afirmou-se como professor. Durante dez anos, deu aulas de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da Civilização em colégios do Rio de Janeiro. Foi nessa época que estreou na Poesia, com o livro Presença. Também atuou na publicidade e no jornalismo.

Seu livro Jornalismo e Literatura foi adotado em dezenas de faculdades de todo o País. Importante divulgador literário, manteve, por mais de duas décadas, a prestigiosa coluna “Porta de Livraria”, no jornal O Globo, espaço em que sempre comentava e resenhava os mais relevantes lançamentos editoriais. Na Rede Tupi e, depois, nas Tevês Continental e Rio, apresentou um dos primeiros programas totalmente dedicados à Literatura da televisão brasileira.

Como diretor do Serviço de Documentação do então Ministério da Viação e Obras Públicas, nomeado pelo presidente Café Filho em setembro de 1954, Antônio Olinto lançou a Coleção Mauá, de livros técnicos, promoveu exposições de pintura dedicadas aos meios de transporte e dirigiu a revista Brasil Constrói. Foi Antonio Olinto quem lançou o Prêmio Nacional Walmap, considerado o pioneiro dos grandes prêmios literários brasileiros.

Por quase três anos, entre 62 e 64, atuou como Adido Cultural em Lagos, na Nigéria, momento em que ampliou e consolidou seu amor pela cultura africana. Publicado em 64, seu livro “Brasileiros na África” traz substantiva pesquisa e acurada análise sobre o regresso dos ex-escravos brasileiros à Africa. Em 68, Antonio Olinto foi nomeado Adido Cultural em Londres.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras na sucessão de Antônio Calado, foi o quinto ocupante da cadeira de número oito, tendo como patrono o mineiro Cláudio Manuel da Costa, cujo nascimento agora completa 290 anos. Na Casa de Machado de Assis, Antonio Olinto foi recebido em 12 de setembro de 1997 pelo acadêmico Geraldo França de Lima, também mineiro. Falecido em 12 de setembro de 2009, aos noventa anos, foi sucedido, naquele sodalício, pela professora Cleonice Berardinelli.

Foi sobre Antonio Olinto e seu precioso legado que falei na sessão de terça-feira, dia 30 de abril, na Academia Mineira de Letras. Meu foco, no entanto, não recaiu tanto sobre o jornalista, o professor ou o editor. Mas sobre o africanista que, em ensaios e, sobretudo, na ficção, apresentou aos leitores um rico retrato da cultura africana, fiel aos seus costumes e às suas tradições, longe de qualquer visão que enxergue a África como um lugar exótico ou atrasado. Para quem ainda não conhece a obra desse valioso autor, vale começar pelo seu célebre romance “A Casa da Água”, traduzido hoje para mais de vinte idiomas.

*Jornalista. Da Academia Mineira de Letras

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail