VIVER EM VOZ ALTA | O novo livro de Evaldo D’Assumpção

24 de dezembro de 2021 às 0h30

img
Crédito: Pixabay

Mineiro de Campo Belo, Evaldo D’Assumpção formou-se em medicina pela UFMG, em 1963, tendo, entre seus professores, nomes como João Galizzi, Caio Benjamim Dias, Joaquim Romeu Cançado e José Feldman. Decidido, desde muito cedo, a trabalhar como cirurgião plástico, cumpriu seu objetivo com excelência e rigor, servindo à comunidade mineira por décadas. Apaixonado pelo conhecimento e pela sua partilha, também foi professor, tanto na PUC Minas, quanto na Faculdade de Ciências Médicas. De espírito gregário, presidiu a Academia Mineira de Medicina, entre 2006 e 2008. É membro emérito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, do Instituto Mineiro de História da Medicina e da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores. Hoje, aposentado, vive na praia de Castelhanos, no estado do Espírito Santo, onde se dedica à leitura e à escrita. Lançado pela Editora Del Rey, “Crônicas à beira-mar” é seu quinquagésimo terceiro livro.

 O volume reúne as principais reflexões do autor sobre os temas de sua predileção: a medicina e a bioética, a biotanatologia e a espiritualidade. A última seção oferece aos leitores uma seleta de poemas. Quando aborda o ofício do médico, Evaldo não se esquiva de tratar dos assuntos mais espinhosos, como a judicialização do exercício da medicina e suas consequências para a prática cotidiana da profissão; a relação entre os médicos e a publicidade; o avanço da tecnologia e dos robôs sobre os protocolos de tratamento dos doentes. Indo direto ao ponto, ele divide os seus colegas entre três categorias: os verdadeiramente vocacionados, os chamados profissionais (cujo foco está na obtenção de fama e fortuna) e os oportunistas, por ele qualificados como os que só pretendem uma solução fácil e rápida para a sua carreira.

 Na parte em que escreve sobre a biotanatologia, Evaldo D’Assumpção retoma os pontos que fizeram dele um dos pioneiros nessa área, no país. Corajoso, toca em questões que muitos evitam. Sobre a morte, opina: “(…) descobrimos que a morte não é a inimiga do ser humano, mas a sua melhor mestra de vida. Não é sem sentido que a filosofia popular afirma: “morre-se como se vive.” Quem quer ser feliz, procura aprender e se desapegar de bens materiais, títulos honoríficos e insanas vaidades. Passa a ter consciência da impermanência que permeia toda a nossa existência, tudo e todos que nos cercam. Por isso não sofre por antecipação, não se sente dono absoluto de nada, procura ser um zelador atento e compassivo de tudo e de todos. E assim vive feliz, assim morre feliz” (página 144).

 Mais adiante, no belíssimo “A vida é o vento, a morte é a brisa”, filosofa: “A vida se manifesta, mas não a vemos concretamente. Não conseguimos tocá-la, segurá-la, dominá-la. Por isso mesmo, jamais poderemos controlá-la, submetê-la à nossa vontade” (página 150) e, em outro parágrafo: “Já me perguntaram se morrer dói. Não acredito que isso aconteça. O que dói são as ocorrências de que se é vítima, e que causam a morte. Tenho a convicção de que, no exato momento do seu abraço, somos imediatamente retirados da dimensão espaço-tempo em que estamos e vivemos, e ‘transportados’ para o que chamamos de eternidade” (página 152).

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail