VIVER EM VOZ ALTA | A força dos artistas

19 de fevereiro de 2021 às 0h15

img
Crédito: Lina Mintz

Estava enganado quem pensou que, em primeiro de janeiro, veríamos o fim das aflições que nos acometeram com tanto vigor no ano passado. O ano de 2021 está se configurando igualmente desafiador, tenso, conturbado, ainda mais num país como o nosso, refém de um subdesenvolvimento colossal, presente em todas as esferas da vida social.

É de deixar perplexa qualquer pessoa minimamente esclarecida a permanência e a força de crenças contrárias à ciência ou à democracia, por exemplo. Ou a propagação das mentiras e do ódio como modo de relacionar-se com o outro.

 Como se não bastassem as mazelas políticas e econômicas, a pandemia persiste. Tenaz, o vírus segue em frente, agora em diferentes cepas. Haverá tecnologia capaz de combatê-las, em tempo capaz de evitar que cheguemos ao meio milhão de mortos? Seremos capazes de fazê-la chegar a todos, como é devido?

Com muitos motivos para desanimar ou deprimir-se, as pessoas vão vivendo cada dia como podem, a maior parte das vezes sem perspectivas, as esperanças minguando.

 É nesse momento que a palavra “resistência” ganha corpo e sentido. Ela é ainda mais necessária nas situações extremas, graves, em que os comportamentos habituais não surtiram o efeito esperado, em que as atitudes costumeiras não foram capazes de gerar soluções.

A “resistência” vem para manter a coluna ereta, o olhar na linha do horizonte, o coração pulsando no ritmo da coragem e do amor pela vida. Resistir é acreditar que a espécie prosseguirá e que sairá mais forte da provação a que está sendo submetida, agora ainda mais duramente. Nesse contexto, uma pergunta se destaca: como resistir?

Resistir, muitas vezes, começa por “expressar a resistência”, por vocalizá-la, por todos os meios disponíveis. Por bradar que a doença e a morte não vencerão. Nem a mentira, o ódio, e muito menos a repulsa à ciência e à democracia.

A reiteração da nossa aposta na civilização precisa ser diária. E pode valer-se de todos os gestos aptos a manifestá-la: a adesão plena aos protocolos definidos pelas autoridades sanitárias, a convivência respeitosa e fraterna com os vizinhos e os colegas de trabalho, a atitude cooperativa, amigável, aberta ao diálogo, à ponderação, à reflexão e à escuta, a recusa ao autoritarismo, à truculência e à intolerância.

 Uma das formas mais eficazes de resistência está na arte, potente instrumento de recriação da realidade, de invenção de novos mundos, de viabilização de sonhos impossíveis. Aderir a uma maneira de atuação artística pode ser o seu jeito de resistir. O que você gosta de fazer? Vá pintar, desenhar, escrever, compor, cantar… Se preferir, vá consumir arte.

Veja um bom filme, leia um livro de qualidade, assista a uma exposição pela internet. E depois comente com os seus amigos. Divulgue o que lhe fez feliz, nem que tenha sido somente por duas horas. Se você tem condições, financie a Arte, dê apoio e suporte aos artistas que circulam pelo nosso mundo, pela nossa cidade, por todos os cantos. Eles são, quase sempre, arautos do futuro que desejamos.

Celeiro de talentos impressionantes, Minas Gerais sedia profissionais e grupos maravilhosos, seja na literatura, no teatro, no circo ou no cinema, seja nas artes plásticas. Portadores da esperança e da beleza que tanto nos fazem falta hoje, eles merecem a atenção e o carinho de todos. Pode vir deles o nosso reencontro com o amanhã…

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail