VIVER EM VOZ ALTA | Nos duzentos anos da Independência do Brasil

23 de abril de 2021 às 0h15

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Crédito: Ane Souz/Prefeitura de Ouro Preto

Fundamental para a compreensão do país em que vivemos hoje, a Independência cujo bicentenário se celebra no ano que vem é fenômeno complexo e sofisticado, que merece reflexão profunda e sensível, longe das comemorações ocas, destituídas de sentido, feitas por obrigação ou como estratégia de marketing, sem um compromisso real com a ampliação da consciência cidadã da população. Quem ainda suporta as solenidades cênicas, os discursos recheados de lugares-comuns e a simulação do interesse pelo que a história pode, de fato, ensinar ao tempo presente?

 Mobilizada pelo dever de divulgar informações precisas e claras, de alto padrão, produzidas por estudiosos da efeméride em questão, a Academia Mineira de Letras (AML) lançou, nessa semana, o projeto “22 entrevistas sobre o Bicentenário da Independência”. Outra intenção de tal iniciativa é contribuir para que o tema seja tratado de modo inteligente e atual, sem a reprodução (inocente ou maliciosa) dos mitos que o cercam. Em 2021, serão publicadas as onze primeiras conversas, todas com jornalistas ou historiadores que escreveram livros importantes sobre o assunto, baseados, sempre, em investigações rigorosas e responsáveis. No ano que vem, o foco recairá sobre onze textos literários que escolheram o Brasil, seu povo e sua história como personagens principais.

 A série de diálogos estreou no 21 de abril, em alusão à Inconfidência Mineira, um dos acontecimentos mais marcantes dos anos que antecederam 1822. O entrevistado foi Lucas Figueiredo, autor de incontornável biografia sobre Tiradentes. Com uma hora de duração, o seu depoimento já está disponível no canal exclusivo da AML no YouTube, sem nenhum custo, é claro. O mesmo se passará com as demais entrevistas. A última delas entrará no ar em 7 de setembro do ano que vem. Esse acervo sobre a Independência passa a integrar, assim, a rica coleção áudio visual que a Casa de Alphonsus de Guimaraens põe à disposição de seu público, na referida rede social, no cumprimento de sua missão em favor da Educação, da Cultura e da Memória.

 Depois de Lucas, no dia 29 de abril, será a vez da historiadora Mary del Priore, que falará sobre suas pesquisas a respeito de José Bonifácio de Andrada e Silva, o chamado ‘patriarca da Independência’. O bate papo com o consagrado autor Laurentino Gomes sobre seu excelente “1822” será no dia 13 de maio e a interlocução com Paulo Rezzutti sobre a Princesa Leopoldina terá lugar no 27 de maio.

 A segunda parte dessa extensa agenda tratará da obra satírica de Gregório de Matos; da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias; de “Martim Cererê”, de Cassiano Ricardo; de “Macunaíma”, de Mário de Andrade, e de “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles. Da Literatura mais recente, a Academia selecionou “O Bem amado”, de Dias Gomes; “Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro; “Zero”, de Ignácio de Loyola Brandão; “Eles eram muitos cavalos”, de Luiz Ruffato; “Essa gente”, de Chico Buarque, e “Torto arado”, de Itamar Vieira Junior. A lista é um resumo de inúmeras possibilidades. Os escritores brasileiros são de nível excepcional e vários deles geraram verdadeiras obras primas sobre o país. Mas, como é natural, tivemos que escolher apenas alguns bons representantes desse patrimônio literário tão valioso.

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