VIVER EM VOZ ALTA | Três anos no “Diário do Comércio”

29 de novembro de 2019 às 0h03

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DC:Jornal20 Alisson J. Silva 10/10/07

ROGÉRIO FARIA TAVARES*

Esta coluna começou a ser publicada em novembro de 2016, já sob o título que conserva até hoje: “Viver em voz alta”, frase extraída de crônica de Rubem Braga. Despretensiosa, ela permanece fiel ao que levou à sua criação: veicular uma mensagem leve, descontraída, uma boa leitura para sexta-feira. Livre, flexível, esse espaço acolheu até os minicontos que gosto tanto de produzir. Hoje, depois de mais de cento e cinquenta textos, reitero meu gosto em escrever para o “Diário do Comércio”, animado a seguir em frente. Ainda acredito na importância dos jornais e continuo apreciando a publicação em papel, embora também consuma notícias pela internet. Só não navego pelas redes sociais (com a exceção do Linkedin), um território em que – de modo geral – sobra calor e falta luz. O mesmo digo do whatsApp, que, se é extremamente útil no dia a dia, pode igualmente roubar muito tempo de atividades mais produtivas, quando envereda pelo caminho das discussões estéreis, raivosas ou tolas. É preciso respeitar o poder da palavra. Creio em sua potência transformadora e vejo, com esperança, a possibilidade de abrir mentes e corações por meio da literatura de qualidade e do jornalismo reflexivo e crítico, feito por profissionais da área.

Cresci lendo jornais. Formei o hábito com meu pai, que assinava dois ou três, entre os quais o lendário JB, de cujo time faziam parte nomes como Carlos Drummond de Andrade (sucedido, em 1987, por Affonso Romano de Sant’Anna), Carlos Castelo Branco, Villas Boas Correa, Tárik de Souza, Artur Xexeo e Zózimo Barroso do Amaral, entre tantos outros. Foi lendo o matutino carioca que me entusiasmei pelo campo da cultura e pelos debates literários, que tão bem fazem à inteligência.

Escrever para um jornal como o DC é particularmente prazeroso. Respeito a sua história, a sua longevidade e a sua reputação. Não é todo dia que encontramos, no país, uma empresa fundada em 1932 em plena e vigorosa atividade. Aposta corajosa um dia formulada pelo seu idealizador, José Costa, e renovada pelas gerações que o sucederam, em especial pelo querido Luiz Carlos, o DC conta agora, em sua direção, com uma fraterna amiga, Adriana Muls, com quem me graduei em Jornalismo na PUC Minas, em 1995, em turma que também contava com talentos como os de Fred Melo Paiva, Marilia Mendonça, Michele Borges da Costa, Alessandra Melo, Alberto Santiago e Raquel Cerqueira.

A presença de uma mulher no posto máximo da organização merece ser celebrada com festa, já que dá, a todos, o testemunho da força feminina no mundo corporativo e no universo da mídia. Se, nos Estados Unidos, o destemor de Katharine Graham à frente de “The Washington Post” marcou época, sobretudo durante a cobertura do caso ‘watergate’, no Brasil também tivemos a inesquecível Niomar Muniz Sodré, que comandou o “Correio da Manhã” com a bravura necessária ao seu tempo. Quando o mundo exige atitudes cada vez mais comprometidas com a liberdade e a democracia, nada melhor que evocar o legado dessas mulheres inspiradoras, que não tiveram medo de enfrentar o obscurantismo, a ignorância, a truculência. Tenho a certeza de que Adriana honrará a linhagem a que pertence, contribuindo, por meio de seu trabalho, para com toda a sociedade de Minas Gerais.

*Jornalista e presidente da Academia Mineira de Letras

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