Bolsonaro testa novo modelo em meio à desconfiança

29 de dezembro de 2018 às 0h05

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – Ao tomar posse como presidente em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro assume tentando manter as promessas de campanha de montar um governo “fora da política” e com uma nova linha ideológica, mas seu modelo de governar, não testado, causa desconfiança e algum ceticismo em Brasília.

Em dois meses de transição, dizem fontes ouvidas pela Reuters, a futura administração manteve o discurso de campanha – inclusive com declarações mais apropriadas aos palanques do que à realidade do dia a dia de um governo. Buscou, ainda, montar uma equipe evitando grandes lideranças partidárias, trazendo técnicos e indicações de bancadas temáticas.

“Ele está colocando em prática o discurso que ele assumiu na campanha, ninguém pode reclamar disso. Sempre foi muito autêntico e direto no que pensava”, analisou um líder de partido simpático ao novo governo. “Mas essa tentativa de um novo relacionamento com o Congresso, com frentes, eu acredito que faz mais estardalhaço que resultado prático.”

Na tentativa de se blindar dos tradicionais pedidos partidários por cargos, Bolsonaro negociou indicações para ministérios importantes, como Agricultura e Saúde, com as frentes parlamentares das áreas. Onde não havia consenso, apelou para técnicos ou indicações familiares, como no caso do futuro chanceler, Ernesto Araújo, que havia caído nas graças de seus filhos, especialmente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ).
As dúvidas que surgem é por quanto tempo esse “novo modelo” conseguirá funcionar e se manterá afastado da política tradicional em Brasília.

“A gente torce para dar certo, vamos ajudar no que for possível, mas eu diria que tem pelo menos 50% de chance de dar errado”, avaliou um dirigente partidário. “A bem da verdade, estão batendo cabeça, estão perdidos. Não tem gente, não tem pessoas para ocupar os postos. Acabaram botando muita gente do governo Temer e das Forças Armadas.”

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Militares – A quantidade de militares é um dos dados mais claros no futuro governo. Além do vice-presidente, general da reserva Hamilton Mourão, outros cinco militares ocupam o primeiro escalão do governo, incluindo o ministro da Infraestrutura, que deixou o Exército antes de alcançar uma alta patente. No segundo escalão, mais nomes vêm das Forças Armadas, em um movimento inédito desde a redemocratização do País.
Se causaram desconfiança inicialmente, os militares no próximo governo já são tratados como parte do cenário político.

“Esses que foram escolhidos já são mais politizados. Creio que não deve ter grandes problemas, tem grande formação. Ninguém chega a general quatro estrelas sem fazer política”, disse outro líder ouvido pela Reuters. “Eu espero melhor tratamento dos generais do que do Paulo Guedes (ministro da Economia), que não tem o menor traquejo nisso.” (Reuters)

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