EDITORIAL | Ferramenta mal utilizada

10 de outubro de 2018 às 0h01

Estudos já disponíveis confirmam que as chamadas mídias sociais, espécie de subproduto da internet e de seu exponencial crescimento a custos mais acessíveis, representaram o instrumento de divulgação e campanha mais vital na votação cuja primeira etapa acaba de ser cumprida. Nem de longe, porém, de uma forma adequada, capaz de refletir os avanços e possibilidades oferecidas pela tecnologia. Bem ao contrário e, nesse particular, parece que definitivamente não existiram inocentes. Eram as mesmas armas e as mesmas estratégias, distorcendo a realidade sem qualquer tipo de pudor, virtualmente legitimando a mentira, distorcendo a realidade e tendo como principal ferramenta robôs, a maioria operados a partir do exterior e totalmente fora de controle.

De um lado espanta que sejam estes os métodos, apagando, pelo menos para os bons entendedores, as virtudes que os seus candidatos, ou seus marqueteiros, insistiam em exibir, não raro aqui também faltando com a verdade. Se o ponto de partida foi esse tipo de expediente, que se vai espalhando pelo mundo e claramente corrompendo todo o sistema político, o que esperar, à frente dos que lograram sucesso e sem que o prometido controle do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em anunciada colaboração até mesmo com serviços de inteligência das Forças Armadas tenham logrado qualquer sucesso?

Fala-se muito que o avanço das novas tecnologias baseadas na eletrônica e no processamento de dados transformarão o mundo. São de fato ferramentas fabulosas e poderosas e que, a partir do acesso ao conhecimento e à informação, poderiam em pouco tempo gerar prosperidade, gerar bem-estar e melhores condições de vida para todos. Mas quando se imagina, ou se constata, que estas mesmas ferramentas podem ter sido decisivas na decisão da Grã-Bretanha de abandonar a Comunidade Europeia ou influído perigosamente nas eleições nos Estados Unidos, a conclusão é outra. Estaríamos, na verdade, muito perto do big brother, que no século passado parecia apenas ficção científica.

Interessante também notar que os computadores nasceram para orientar, com mais velocidade, a balística em navios de guerra e que a internet, assim como a telefonia móvel e miniaturização da eletrônica, surgiram em centros de pesquisa militares e no contexto do esforço de guerra. Conhecimentos adiante transferidos ao mercado e numa escala que colocou algumas empresas no setor, inclusive aquelas que operam as redes sociais, entre as maiores e mais ricas do planeta.

Tudo isso, e sobretudo as dúvidas sobre os acontecimentos recentes no Brasil, deve ser motivo de reflexão, preocupação e, mais ainda, de correção enquanto houver tempo.

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