[EDITORIAL] Mudanças nem nas aparências

22 de dezembro de 2018 às 0h01

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O processo de transição, na área federal e nos estados, vai se aproximando do fim e exibindo sinais suficientes para que se entenda que mudanças, ao contrário do que podem sugerir as aparências, foram menores que o necessário para, de fato, colocar o País – e sua administração pública – em um outro patamar. E vem do Legislativo, tal como apontávamos neste espaço em inúmeras oportunidades, os indicativos mais robustos de que continuam sobrando ambições e faltando projetos, enquanto alianças ainda são feitas à custa de favores ou, pelo menos, da perspectiva de que eles possam ser cobrados mais tarde.

No plano federal, o futuro presidente, que se apresentou e conquistou significativa vitória justamente prometendo romper com os velhos hábitos da política, chegando a declarar que qualquer hipótese de troca de favores, da repetição do “toma-lá-dá-cá”, está distante do seu radar, já é possível perceber que não será bem assim, com o choque de ambições e vaidades ficando evidente até mesmo no Partido Social Liberal (PSL), justamente a sigla que deu abrigo ao candidato vitorioso e que, com esse movimento, ganhou um fôlego talvez até inesperado e com o qual não parece saber o que fazer. Além de disposição para ocupar espaços sem qualquer contrapartida em que se possa perceber que a política volta a ser praticada num tom mais elevado. Dos aliados de última hora e de conveniência, aqueles que são suficientemente ágeis para permanecerem sempre próximo do poder, menos ainda há que esperar.

Assim, movimentos cruciais, aqueles que em tese representariam a criação de condições objetivas para a correção dos desvios que comprometem a gestão pública, perdem em agilidade e objetividade, situação que fica suficientemente clara quando são observados os recuos em relação ao andamento das mudanças no sistema previdenciário, apontadas como a peça mais importante do ajuste fiscal que continua andando de lado. Nos estados, a rigor o mesmo jogo se reproduz, sob as mesmas regras, reforçando a convicção de que a reforma política continua sendo pré-requisito para as transformações que a maioria dos brasileiros entende como fundamentais, o verdadeiro ponto de partida para que os erros do passado sejam finalmente apagados, com resultados traduzíveis em ganhos coletivos.

Como costuma ser lembrado nessas ocasiões e circunstâncias, o futuro presidente da República chegará ao posto, depois de subir a rampa do Palácio do Planalto, com a força dos votos que recebeu. Cabe esperar que ele saiba aproveitar este momento inicial, depositário das esperanças e ainda sem nenhum desgaste, para neutralizar as resistências apontadas e dar o tom de um governo que, de fato, tem o Brasil como seu maior compromisso.

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