Em defesa da soberania brasileira

5 de outubro de 2018 às 0h05

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SME/Divulgação

Joel Krüger*

A importância da Engenharia e da Agronomia para a sociedade brasileira nos autoriza e nos impõe que apresentemos nossa contribuição para o processo eleitoral que está prestes a ser concluído, com as eleições em primeiro turno no próximo dia 7 de outubro. Esse compromisso se expressa, originalmente, na Lei nº 5.194/1966, que regulamenta as atividades do Sistema Confea/Crea. O interesse social guia o cotidiano dos nossos profissionais, o que se manifesta em nossa contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) do País, mas, sobretudo, para a segurança e o bem-estar da sociedade. Realizações que dependem, por outro lado, de políticas públicas definidas pelo Legislativo e Executivo, em todos os níveis. Daí a importância de acompanhar e de sugerir algumas linhas de ação, pautadas na ética, na salvaguarda do nosso patrimônio material e humano e em políticas voltadas à defesa da sociedade.

Infelizmente, nos últimos anos, o papel fomentador e agregador de investimentos da Engenharia e da Agronomia vem sendo desacreditado. Profissionais e empresas vêm sofrendo as consequências de uma linha de atuação que compromete a nossa essência produtiva, fator de geração de empregos, de divisas e de diversos ciclos de desenvolvimento. Cerca de 50 mil engenheiros perderam seus empregos entre 2015 e 2017. Diversas empresas também vêm sofrendo as consequências dessa ausência de planejamento e os anúncios apontam para o risco em processos que garantem a própria soberania nacional.

Nossa expectativa é de que o processo eleitoral ainda consiga reverter este cenário. Entre outros aspectos, defendemos a manutenção do sistema elétrico brasileiro nas mãos do Estado brasileiro, por entendermos sua importância estratégica para a defesa da soberania nacional. O que se configura como um posicionamento contra a privatização da Eletrobras, já referendado pelo plenário do Confea, e que se estende também para a Petrobras e a pequenas e médias empresas do setor e ainda para outras áreas essenciais ao desenvolvimento do País. Nesse sentido também sugerimos a ampliação do debate em torno do saneamento básico, questionando a Medida Provisória nº 844/2018, em discussão que vem sendo conduzida por meio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária -Abes.

Temos manifestado nossa preocupação com temas como os investimentos no campo. A defesa do financiamento público da assistência técnica rural, referendada pela Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB se aliou à importância de ampliar a discussão em torno de temas emergentes.

Como representantes de diversas entidades, empresas e profissionais, esperávamos que estes e outros assuntos de interesse da Engenharia fossem debatidos na campanha eleitoral. Durante a última Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia – Soea, em Maceió, convidamos os candidatos para esse diálogo, contribuindo para o planejamento do País. Apesar do desinteresse dos presidenciáveis, ainda acreditamos ser possível recuperar os investimentos perdidos nos últimos anos, buscando encontrar formas de fomentar e de compartilhar o conhecimento dos profissionais e a estrutura das empresas da Engenharia, da Agronomia e das Geociências.

Ao contribuir para a integração, a capacitação e o fortalecimento da categoria, a Sociedade Mineira de Engenheiros – SME fortalece, nesse momento, o debate democrático para que possamos reverter os rumos impostos à Engenharia e à Agronomia. Em julho deste ano, apontávamos em entrevista à SME a necessidade de se investir na infraestrutura, retomando um plano para as grandes obras de engenharia nacionais. Tal expectativa ainda não se efetivou. De nossa parte, temos procurado manter os profissionais e as empresas atentos e participantes desse debate, por meio de reuniões com todas as esferas do poder e em diversos fóruns. Além de contribuir para o fortalecimento do Sistema, principalmente por meio da valorização da nossa base, as entidades de classe.

Com a esperança de que nosso País encontre novos rumos, agradecemos esta oportunidade.

*Engenheiro civil e presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

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