Irã dá aval e Brasil vai embarcar gado vivo para república islâmica
23 de outubro de 2018 às 0h01
São Paulo – O Irã aprovou a importação de gado vivo do Brasil, informou ontem o Ministério da Agricultura brasileiro, que recebeu o sinal positivo da organização veterinária da república islâmica. Países muçulmanos em geral compram gado vivo para realizar o abate halal, de acordo com suas tradições.
Mas o Irã também é importante importador da carne bovina brasileira. Em 2017, foi o terceiro maior, com aquisições avaliadas em US$ 560 milhões, segundo dados da indústria.
A estimativa do setor, segundo o ministério, é de que o mercado iraniano tem potencial para adquirir anualmente 100 mil cabeças de bovinos do Brasil, com perspectiva de expansão conforme se intensificarem as relações comerciais.
“Foram decisivos para a abertura deste mercado sucessivos reconhecimentos sanitários obtidos nos últimos anos junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), como o reconhecimento do Brasil como livre de febre aftosa com vacinação e de pleuropneumonia contagiosa e de risco insignificante para encefalopatia espongiforme bovina (EEB, o Mal da Vaca Louca)”, disse o diretor do Departamento de Saúde Animal, Guilherme Marques, em nota.
Ele lembrou que Santa Catarina é livre de febre aftosa sem vacinação e destacou que as tratativas entre o DSA e os iranianos vinham sendo mantidas desde final de 2014, tendo em vista que são “complexas”.
“Os constantes acessos a novos mercados à exportação de gado brasileiro impulsionaram esta negociação. Os próximos países que poderão comprar bovinos do Brasil são a Tailândia e a Indonésia. A diversificação dos mercados é favorável aos produtores e pode propiciar a negociação de outras commodities”, afirmou Marques.
Conforme o Ministério da Agricultura, a exportação de gado vivo é uma atividade praticada apenas por países que possuem rígido controle sanitário dos seus rebanhos e representa canal de escoamento da produção para o produtor rural.
Faturamento do segmento – Entre 2010 e 2017, a atividade gerou US$ 3,7 bilhões em divisas para o Brasil, segundo a pasta. No ano passado, a exportação de bovinos vivos respondeu por faturamento de mais de US$ 276 milhões, e, no acumulado de 2018 até julho, por US$ 301 milhões.
Os embarques de gado vivo vêm ocorrendo apesar de protestos de organizações protetoras dos animais, que argumentam que os bovinos sofrem durante o transporte até os países de destino.
No início do ano, o frigorífico Minerva, que possui importante operação de exportação de gado vivo, enfrentou dificuldades para exportar uma carga a partir de Santos, que ficou embargada por alguns dias em meio a uma disputa judicial.
Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), de fevereiro, autorizou transporte internacional de animais vivos a partir de qualquer terminal do País, na sequência do caso em Santos, envolvendo 25 mil cabeças.
Na época, a desembargadora federal Cecília Marcondes disse que o transporte internacional de animais vivos é realizado de acordo com as normas editadas pelo Poder Executivo que versam sobre controle de qualidade, da segurança e do bem-estar. (Reuters)