Maduro vai pedir US$ 500 milhões à ONU para repatriação

22 de setembro de 2018 às 0h05

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Presidente revelou também nesta semana que 34 gerentes foram presos por alta abusiva de preços - Crédito: Marco Bello / Reuters

Brasília/Caracas – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que vai pedir ajuda financeira, no valor de US$ 500 milhões, à Organização das Nações Unidas (ONU) para repatriar venezuelanos. Segundo ele, o dinheiro será utilizado para pagar o transporte dos imigrantes.

Durante programa de rádio, Maduro convidou o alto representante da ONU para os imigrantes venezuelanos, Eduardo Stein, a visitar a Venezuela. “Eu o convido: venha à Venezuela, vou pedir que traga US$ 500 milhões. Todos os imigrantes que saíram da Venezuela, querem regressar”.

Segundo dados oficiais do programa Plan Vuelta a la Patria (Plano Volta à Pátria, em tradução livre), foram repatriados 3.039 venezuelanos que disseram ter sido vítimas de discriminação e xenofobia, entre outros maus-tratos. Maduro ressaltou que muitos venezuelanos que emigraram para o Peru foram enganados e capturados por falsas promessas.

Só no Brasil, a estimativa é de que entre 600 e 800 imigrantes venezuelanos entrem diariamente em território brasileiro, via Roraima. Em Pacaraima, houve um episódio de violência envolvendo venezuelanos e brasileiros: após um assalto supostamente cometido por venezuelanos, brasileiros hostilizaram e queimaram abrigos e pertences de imigrantes.

Gerentes presos – O presidente da Venezuela também disse, na quinta-feira (20), que 34 gerentes de supermercados foram presos sob acusação de esconderem alimentos e aumentarem abusivamente os preços, no mais recente ato repressivo do governo de esquerda contra o empresariado, enquanto o país sofre um colapso econômico grave.

“Tivemos um grupo de supermercados que escondia os produtos das pessoas e começou a cobrar o que queria. Há 34 gerentes de grandes supermercados atrás das grades por violarem a lei”, disse Maduro, muitas vezes revoltado, durante uma transmissão de uma hora na televisão estatal.

“Eu digo uma coisa e os supermercados vêm e dizem outra. Que desculpa eles têm para não seguir as regras?”, questionou Maduro, estimulando os venezuelanos a se pronunciarem se virem preços injustos para evitar “serem roubados”.

No mês passado, Maduro prometeu um ressurgimento econômico para o país rico em petróleo, que é vítima de uma hiperinflação e da escassez de produtos básicos, ordenando que o salário mínimo fosse aumentado 60 vezes e desvalorizando a moeda em 96%.
O governo, mesmo carente de fundos, afirmou que cobrirá os salários nos três primeiros meses para que os negócios não aumentem os preços, apesar de o Congresso de maioria opositora estimar a inflação anual em 200.000%.

A mídia local noticiou que muitos dos gerentes presos trabalhavam na Central Madeirense, rede fundada cerca de 70 anos atrás por imigrantes portugueses. A empresa e o Ministério da Informação da Venezuela não responderam a pedidos de comentário.

Alguns donos de negócios, duvidando que o governo cobrirá os novos salários, tentaram equilibrar as contas elevando preços e demitindo funcionários, o que contribui para o êxodo em massa de mais de 2 milhões de pessoas que já fugiram da nação de 30 milhões de habitantes.

Economistas dizem que as reformas de Maduro não atacam os problemas centrais da Venezuela, que são os controles monetários e a criação excessiva de dinheiro, e podem inclusive desestabilizar a economia.

Mas Maduro adotou um tom otimista ao comentar as medidas, dizendo que o aumento dos salários ocorreu sem sobressaltos e que as autoridades não estão mais imprimindo dinheiro de forma insustentável. (ABr/Reuters)

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