Minas Gerais atinge crescimento de 5,1% do PIB no ano passado

17 de março de 2022 às 0h27

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Crédito: Márcio Perez

Minas Gerais fechou o ano de 2021 com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 805,5 bilhões, expansão de 5,1% no comparativo com 2020 e superior à do PIB nacional, que cresceu 4,6% no mesmo período. Os principais setores responsáveis pelo avanço da economia mineira foram Indústria e Serviços, enquanto a Agropecuária teve uma retração expressiva, de 8,4%. Os dados foram apresentados ontem pela Fundação João Pinheiro, responsável pelo cálculo oficial da soma dos bens e serviços produzidos no Estado.

O crescimento da economia estadual em 2021 foi puxado pela variação positiva no volume de Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria (9,2%) e dos serviços (4,1%). Segundo o pesquisador da FJP Raimundo Leal, o grupo de atividades que mais cresceu, “de longe”, foi o das indústrias extrativas, que teve incremento de 15% em 2021, depois de enfrentar em 2020 os efeitos da pandemia e os desdobramentos do desastre de Brumadinho.  

A indústria de transformação mineira também se destacou e avançou 9,4% no ano passado, após o colapso de 2020, que incluiu desligamentos de altos-fornos na siderurgia e parada nas linhas de produção de automóveis. A construção foi o último setor a apresentar sinais de recuperação, depois de cinco anos de atividade deprimida – em 2021 teve um crescimento de 12% em termos reais.

O setor de transportes, que tem uma relação forte com a produção de bens industriais e a mineração, teve um incremento de 8,8%, apesar do resultado negativo observado em Minas Gerais no quarto trimestre do ano (-3,5%). No comércio, a expansão foi de 5,5% em comparação a 2020, e na administração pública, a alta registrada para 2021 foi de 1,4%.

Leal destacou o que é definido pelos estudos da FJP como “outros serviços”, que inclui aqueles prestados às famílias e estão intimamente ligados à normalização da vida que vem com o avanço da vacinação. Ele representa mais de um terço do VAB estadual e também se recuperou das perdas ocorridas em 2020, registrando crescimento de 7,1% na economia mineira em 2021.

“As pessoas se sentem mais seguras e voltam a circular, frequentar restaurantes, hotéis, fazer turismo. Essas atividades tiveram uma recuperação importante, que começou no segundo trimestre do ano passado e segue crescendo em um ritmo relativamente sustentado”, observa o pesquisador da FJP.

Dois setores, porém, tiveram desempenho negativo. O VAB agropecuário – de R$ 59 bilhões em 2021 – teve uma redução, em termos reais, de 8,4%. O setor enfrentou queda da produção de café, cana, milho e leite, causadas por secas e geadas.

As secas também afetaram os reservatórios e, consequentemente, a geração de hidroeletricidade, outro setor que teve retração no ano passado – a atividade de energia e saneamento apresentou queda de 6,7% no volume de VAB.

Na Agropecuária, as expectativas para 2022 são positivas. “Parece que teremos um crescimento da produção de café em torno de 19% e também da cana, com essa questão dos combustíveis”, diz Leal. Da mesma maneira, as chuvas do início do ano sinalizam aumento na geração de eletricidade, mas, segundo ele, pode haver queda de consumo.

Minas amplia participação no País

O desempenho do PIB de 2021 demonstrou forte recuperação em relação ao ano anterior, especialmente levando em conta a pandemia de Covid-19, que impactou a atividade produtiva estadual. Em 2020, a queda do PIB foi de 3,9%. Considerando-se o último trimestre de 2021, o PIB de Minas Gerais teve resultado 0,4% acima do mesmo período de 2019, antes da pandemia.

O PIB mineiro em 2021 correspondeu a 9,3% do PIB nacional e a participação vem crescendo. Esta contribuição foi de 9% em 2020 e de 8,8% em 2019. “Ela marca uma evolução favorável e aumentou pelo sexto ano consecutivo, recuperando-se das perdas da crise de 2013/2015”, registra o pesquisador da FJP, Raimundo Leal.

“Minas Gerais vem se esforçando para se recuperar dos graves impactos econômicos causados pela pandemia. Com a expansão de 5,1% do PIB em 2021, vemos que os esforços do governo para atrair empresas e gerar empregos estão dando resultado. Mas é preciso ressaltar que os estados sofrem os impactos nacionais e o cenário econômico no País também precisa estar favorável”, afirmou o governador Romeu Zema.

Para o quarto trimestre de 2021, o PIB de Minas foi estimado em R$ 208,8 bilhões e representou 9,2% do PIB nacional. Segundo Raimundo Leal, desse total, R$ 26,7 bilhões dizem respeito aos impostos indiretos líquidos de subsídios e R$ 182,1 bilhões referem-se ao Valor Adicionado Bruto (VAB).

“Na composição setorial relativa ao quarto trimestre de 2021, o VAB agropecuário foi responsável por R$ 4,8 bilhões (2,7% do total); o da indústria, por R$ 53,9 bilhões (29,6% do total); e o dos serviços, por R$ 123,4 bilhões (67,7% do total)”, conclui Leal.

Governo deve cortar projeção para índice do País

Brasília – O Ministério da Economia vai cortar a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. Segundo fontes do governo ouvidas pela Folha de S.Paulo, a alta deve ser de 1,5%, abaixo da estimativa atual de 2,1%.

A nova previsão deve ser anunciada pela pasta hoje. O dado serve de referência para a revisão bimestral do Orçamento, que será concluída até o dia 22 de março.

O corte na projeção indica que, no ano em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) buscará a reeleição, a economia brasileira deve sofrer uma desaceleração mais intensa do que o inicialmente calculado pelo governo.

No ano passado, o PIB brasileiro cresceu 4,6%, após um tombo de 4,1% em 2020, ano que concentrou os efeitos mais devastadores da pandemia de Covid-19.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já admitiu publicamente que a expectativa era de uma desaceleração em 2022.

Um dos fatores que contribui para o freio na atividade econômica é a alta dos juros. Para tentar segurar a inflação, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros (Selic) a 11,75% ao ano.

Apesar disso, Guedes tem criticado analistas do mercado financeiro pelo que, em sua visão, é um excesso de pessimismo. Nas estimativas desses agentes, o crescimento será ainda menor, de 0,49% em 2022, segundo o Boletim Focus, divulgado pelo BC. (Folhapress)

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