SME

ENGENHARIA HOJE | Minas Gerais e Luxemburgo: 100 anos de parceria

29 de junho de 2022 às 0h27

img
A siderúrgica Belgo-Mineira construiu a usina e a estrutura da cidade de João Monlevade ao seu redor | Crédito: Arquivo Nacional

Luxemburgo é um pequeno país encravado no centro do continente europeu e rodeado pela Bélgica, França e Alemanha. Sua população, de 632 mil habitantes, é igual à de Contagem, o terceiro município mais populoso de Minas. O que poucos sabem é que entre Minas e Luxemburgo há uma relação que criou raízes profundas na economia mineira e que está completando 100 anos. A face visível dessa relação é a antiga Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, cuja história começa em 1921, com a aquisição da Companhia Siderúrgica Mineira, de Sabará, pelo grupo belga-luxemburguês Arbed.

Dessa aquisição surgiu a Belgo-Mineira, que 14 anos depois, em 1935, lançava a pedra fundamental da usina de João Monlevade, na região Leste de Minas, sua segunda siderúrgica no Brasil. Em 2007, a Belgo-Mineira foi adquirida pelo grupo ArcelorMittal, que nasceu, em uma primeira etapa, da fusão da Arbed com os grupos Aceralia, da Espanha; e Usinor, da França; resultando na criação do grupo Arcelor que, posteriormente se uniu à indiana Mittal, surgindo a ArcelorMittal.

A despeito de tantas fusões, as origens da Belgo-Mineira não se perderam. A começar pelo fato de a sede da gigante ArcelorMittal estar situada na mesma Luxemburgo de onde vieram os imigrantes que fundaram a Belgo-Mineira. A reforçar esse laço está uma realidade que os 15 anos da ArcelorMittal não conseguiram apagar: a de que em Monlevade a imensa usina localizada às margens do rio Piracicaba continua sendo carinhosamente chamada pela população de “Belgo” ou “Belgo-Mineira”.

Esse laço centenário que une mineiros e luxemburgueses está sendo lembrado ao longo do ano pela 1ª edição do Festival Brasil-Luxemburgo, que é composto por uma série de atividades culturais, que começaram em março, com o lançamento do documentário transmídia “A colônia Luxemburguesa”, dirigido pela historiadora e diretora Dominique Santana, que é filha de pai luxemburguês e mãe brasileira e morou no Brasil durante três anos. O documentário pode ser visto na plataforma www.colonia.lu.

“A colônia Luxemburguesa” conta a história da vinda dos luxemburgueses para o Brasil, da fundação da Belgo e da construção da cidade de João Monlevade ao lado da usina. Dominique Santana afirma que durante a pesquisa que deu origem à sua tese de doutorado e ao projeto “A Colônia Luxemburguesa”, ela descobriu que a história da migração de Luxemburgo para Monlevade é bem mais complexa e heterogênea do que se pode imaginar. Para a coordenadora do Festival Brasil-Luxemburgo, a produtora cultural Clarice Fonseca, o evento será importante para colocar mais luz sobre essa história, da qual os mineiros pouco sabem. “Os luxemburgueses conhecem muito mais as histórias de Minas do que os mineiros sabem sobre a influência de Luxemburgo”, afirma Clarice Fonseca.

Como parte da programação comemorativa do centenário um quiosque com objetos representativos da relação entre Minas e Luxemburgo ficou instalado durante uma semana, no início do ano, nos jardins do Palácio da Liberdade. Em março, o quiosque foi transferido para João Monlevade, onde ficará até outubro. No próximo domingo, dia 3, também como parte das comemorações desse centenário, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) irá entregar a Medalha Engenheiro Amaro Lanari Júnior à ArcelorMittal.

A medalha sempre foi entregue a um engenheiro que tenha se destacado por sua atuação. Será a primeira vez que uma empresa irá receber a homenagem, que segundo a presidente da SME, Virgínia Campos, se justifica por várias razões. A primeira delas se deve à contribuição da ArcelorMittal para o desenvolvimento da moderna siderurgia mineira. A segunda razão foi que, ao impulsionar a siderurgia, a Arcelor estava também contribuindo para a modernização da engenharia, ao lançar no mercado tipos de aço que não existiam, como os aços para a construção civil e para a indústria. “A ArcelorMittal sempre foi um parceiro estratégico para a modernização da engenharia brasileira”, afirma Virgínia Campos.

O prêmio que a ArcelorMittal irá receber homenageia um dos grandes nomes da siderurgia brasileira, cuja própria história tem raízes na história da empresa homenageada. Amaro Lanari Júnior foi funcionário da Belgo-Mineira, onde foi engenheiro-chefe da laminação e da trefilaria. Seu pai, o também engenheiro Amaro Lanari, foi um dos fundadores da Companhia Siderúrgica Mineira que, com a chegada dos luxemburgueses, deu origem à Belgo-Mineira.

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail