Acordo entre EUA e China deve prejudicar o agronegócio

17 de janeiro de 2020 às 0h18

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04/08/2017- Paraná- Exportação histórica de soja no Porto de Paranaguá. Foto: IvanBueno/ AG. Paraná

O acordo firmado entre Estados Unidos e China deve afetar as exportações do Brasil e de Minas Gerais. Dentre os impactos negativos, o setor que pode sofrer consequências é o agropecuário, principalmente nos embarques de soja, carnes e algodão.

Por outro lado, o setor de minério de ferro talvez seja favorecido, uma vez que o fim da guerra comercial pode estimular a economia mundial e promover o crescimento mais acelerado da China, o que favoreceria a demanda por metais.

O acordo assinado prevê que a China compre mais US$ 200 bilhões em produtos dos EUA ao longo de dois anos para reduzir o déficit comercial bilateral com os norte-americanos, que chegou a US$ 420 bilhões em 2018.

A China deve comprar US$ 12,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA no primeiro ano e US$ 19,5 bilhões no segundo ano. O governo chinês também se comprometeu a comprar US$ 18,5 bilhões em produtos de energia no primeiro ano e US$ 33,9 bilhões no segundo ano. A China também terá de comprar US$ 32,9 bilhões em manufaturados dos EUA no primeiro ano e US$ 44,8 bilhões no seguinte.

O coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec, Adriano Gianturco, explica que é difícil quantificar e definir, a princípio, se o acordo será positivo ou negativo para o Brasil. “Desde que a guerra comercial começou, a China passou a importar mais do Brasil e, com o acordo, poderá comprar mais dos EUA e menos do Brasil. Outro impacto poderá acontecer na moeda brasileira. Como todas as transações internacionais são em dólar, vai entrar menos dólares e pode ocorrer desvalorização do real”, disse.

Por outro lado, segundo Gianturco, o acordo pode ser positivo para o Brasil e para o mundo inteiro. “Isso porque a previsão, com o acordo, é que o comércio internacional aumente e, tratando-se das duas maiores potências mundiais, pode fazer com que o PIB mundial volte a crescer, o que é positivo para todo o mundo, por mais negócios, oportunidades e capital”.

Ainda conforme Gianturco, para Minas Gerais, que tem representatividade nas exportações de minério de ferro e de produtos do agronegócio, as exportações de soja e carne podem ser afetadas de forma negativa. “A China, com a guerra, nos últimos anos, passou a comprar mais soja e carne. Minério já comprava. Quem pode ser mais afetado de forma negativa é o agronegócio, já que a China precisará comprar maiores volumes dos Estados Unidos. Todo esse movimento é importante para que se invista na diversificação de mercados”, destacou.

O professor da área de gestão pública e estratégia da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente, explica que, no primeiro momento, será negativo para o agronegócio, porque a demanda pode retrair.

“A guerra comercial estava travando muito os negócios, que serão destravados agora. A princípio, será negativo para os produtos do agronegócio, porque vai recuar a demanda da China e os preços vão cair. Mas, para metais, por exemplo, a tendência é positiva. A China vai precisar de metal, não só de minério de ferro, para exportar produtos acabados para os EUA e o preço deve subir, o que será bom para Minas Gerais”, avaliou.

Ganho mundial – Para Vicente, de forma geral, o acordo é positivo para a economia global. “O acordo alivia a pressão da economia global e aumenta o otimismo. Com isso, o mercado será estimulado. De forma geral, será bom para todos os setores. Vejo o acordo mais como positivo do que negativo, mas, quando se trabalha com commodities, pode ser um problema, pelo menos, no começo”.

O consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito Santos, explica que a base do acordo assinado pelos Estados Unidos e a China está nos produtos agrícolas e pecuários, especialmente a soja, as carnes e o algodão.

“Com o acordo, os EUA vão vender mais destes produtos para a China, é onde seremos mais afetados. Os principais problemas para nós seriam na soja, porque é um produto em que a logística é um peso importante e a nossa é menos eficiente que a dos norte-americanos. Algodão e milho também serão impactados, mas Minas não exporta valores significativos para a China. Já nas carnes, os EUA serão nossos concorrentes em suínos e frango”, disse Brito.

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