Ativos mais seguros se valorizam com disseminação do coronavírus

12 de março de 2020 às 0h20

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Crédito: Divulgação

O aumento da disseminação do novo coronavírus (Covid-19), que já passou de epidemia para pandemia, segundo classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), fez com que ativos considerados mais seguros tivessem uma melhor performance entre as aplicações financeiras no início deste exercício.

Desde o início do ano, os preços do ouro e do dólar variaram cerca de 5,5% e 17%, respectivamente, enquanto as bolsas de valores do mundo inteiro registram quedas recordes.

A B3 acionou o circuit breaker, um mecanismo de segurança utilizado para interromper todas as operações, por dois dias nesta semana. A volatilidade está relacionada ao temor de que uma recessão global acompanhe a pandemia do coronavírus que já soma mais de 118 mil casos ao redor do mundo e 4.291 mortes. No Brasil, os números chegam a 52 casos confirmados e 907 suspeitos.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, a tendência é que a instabilidade do mercado financeiro seja mantida enquanto a doença não for controlada mundo afora. Por isso, a palavra de ordem para investidores é cautela.

Especificamente sobre o ouro, cujo preço da onça-troy ontem chegou a US$ 1.634 e o grama, em reais, cotado ontem a R$ 252, consultores financeiros explicaram que em momentos de cenários conturbados, como o que mundo vive atualmente, é interessante manter a diversificação da carteira, sobretudo com investimentos que funcionam como reserva de valor, como é o caso do metal precioso.

Neste sentido, o consultor e CEO da Ivest, consultoria de investimentos, Caio Fernandez, lembrou que o momento pede cuidado, uma vez que o cenário também inclui certa especulação, a partir do pânico pela disseminação do coronavírus pelo mundo.

“Há um comportamento exagerado, visto que temos doenças muito mais graves aqui no Brasil, assim como H1N1 e a dengue, porém, a queda das bolsas e o aumento da busca por investimentos de proteção têm sido impulsionados também por outros motivos, como o impacto da queda do petróleo nas economias mundiais”, explicou.

De toda maneira, conforme o especialista, a diversificação da carteira de investidores experientes deve incluir o metal precioso, por precaução. “Já no caso de novos investidores, a compra de ouro neste momento não é a melhor opção, pois o preço do metal está na máxima e o índice da bolsa, na mínima”, justificou.

Sobre a manutenção do cenário, Fernandez ponderou que depende da contenção da doença daqui para frente. Segundo a OMS, países como a China, Singapura e Coreia do Sul já conseguiram frear a disseminação do vírus. Por outro lado, em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, crescem os números de indivíduos infectados.

O operador da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, também falou em cautela. Conforme ele, diante do receio por uma recessão global, alguns países já fazem reservas de ouro, da mesma forma que os investidores também estão apostando no metal, fazendo com que a demanda esteja maior do que a oferta.

“Só neste ano o preço da onça saiu de um patamar de US$ 1.557 para US$ 1.634. Se considerarmos que no mesmo período, o dólar saltou de R$ 4,02 para R$ 4,72 em relação ao real, a grama do ouro teve um salto de R$ 195 para R$ 252, representando uma valorização de 29% em menos de três meses”, avaliou.

Para o curto prazo, o especialista acredita que ainda deverá ser observada volatilidade e que a cotação do metal dourado manterá tendência de alta. Já para o médio e longo prazos ainda não é possível prever.

Embarques – Minas Gerais é o maior produtor e exportador nacional de ouro e o metal é um produto fundamental para a balança comercial do Estado. De acordo com os dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint) do Ministério da Economia, as exportações estaduais do produto chegaram a US$ 577,2 milhões no primeiro bimestre deste ano.

AngloGold Ashanti, Kinross Brasil Mineração S/A, subsidiária da canadense Kinross Gold Corporation e Jaguar Mining estão entre as principais mineradoras de ouro do Estado.

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