Fake news e o atentado ao Riocentro

19 de fevereiro de 2020 às 0h00

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Crédito: Dado Ruvic /Reuters

André “Bode” Marcos*

Vivemos uma enxurrada de notícias e informações que, em alguns casos, são mentiras ou fake news, como se diz modernamente. Com a popularização das redes sociais e dos aplicativos de troca de informações via celular cada vez mais utilizados, a possibilidade de informações falsas e mentirosas cresce exponencialmente. Eleições são vencidas ou perdidas, carreiras artísticas e esportivas são comprometidas e até profissionais experientes do meio jornalístico e intelectual são alvos nessa rede. Mas se você pensa que essas situações são frutos da internet e da modernidade, engana-se. Historicamente, algumas fake news geraram extrema confusão para as pessoas das mais variadas épocas e sociedade.

Um exemplo aconteceu em 1981, na cidade do Rio de Janeiro. No dia 1º de maio, haveria um grande show em comemoração ao Dia do Trabalho no espaço conhecido como Riocentro. O clima era de muita alegria, pois se encaminhava o processo de abertura política e retorno da democracia após quase 20 anos de ditadura militar. Vários artistas confirmaram presença, como Gonzaguinha, Chico Buarque, entre outros.

Durante o espetáculo, uma bomba explode de um automóvel Puma, no estacionamento do evento, ferindo o capitão Wilson Dias Machado e matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário. As notícias dadas pelos militares imediatamente após a explosão foram de um atentado promovido pelo grupo terrorista VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). O objetivo dos militares era gerar um clima de instabilidade social que bloqueasse o processo de abertura.

A ação foi articulada pelos militares do SNI (Serviço Nacional de Informações) e pelo CIE (Centro de Informações do Exército). A ideia era explodir a bomba na central elétrica do local provocando pânico e correria. O Coronel Nilton de Albuquerque Cerqueira suspendeu o policiamento na região e ordenou que as saídas de emergência fossem fechadas. O azar dos militares – e sorte das pessoas que estavam no show – foi que os dois militares que estavam no veículo manipulando a bomba, cometeram um erro ao tentar ativar o dispositivo e este acabou explodindo dentro do carro. Até hoje esse assunto é tabu nas Forças Armadas.

As fake news não são de hoje – e até as mais inocentes e despretensiosas podem ser muito perigosas, pois a maioria das pessoas apenas aceita como verdadeiro e reproduzem o que viram sem contestar ou confirmar. Mas neste mundo moderno, com as facilidades das redes sociais, como evitar que um parente receba pelo WhatsApp uma informação e a repasse no grupo da família como verdade absoluta? Veja alguns conselhos:

1) Não repasse alertas. Existem sites especializados e boletins confiáveis que divulgam alertas e denúncias sobre vírus, ameaças e vulnerabilidades de segurança.

2) Faça uma análise crítica do que receber. Tenha a curiosidade de entrar em buscadores e pesquisar sobre a suposta ameaça no “alerta” recebido. Se for mentira, rapidamente você encontrará várias páginas denunciando o falso alerta.

3) Por último, o e-mail, WhatsApp, Twitter, redes sociais pessoais não são meios confiáveis, nem tampouco adequado, de divulgação em massa. Lembre-se que estas informações no mundo digital ganham uma proporção incomodativamente maior, mais promíscua e, muitas vezes, criminosa.

*Especialista em História do Brasil e Gestão Escolar e professor do Colégio Positivo

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