O protagonismo das mulheres
4 de março de 2020 às 0h14
Ronaldo Scucato*
No cooperativismo, temos um legado de trabalho construído por lideranças autênticas, cooperativistas convictos e colaboradores inspirados, e as mulheres sempre se fizeram presentes nesse contexto.
Em 1844, a Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale iniciou esse legado e difundiu valores e princípios que vigoram até hoje, incluindo a igualdade e adesão voluntária e livre, que rejeita qualquer discriminação.
A tecelã Eliza Brierley se destacou tornando-se a primeira mulher a participar ativamente como membro da cooperativa, abrindo caminho para que outras cooperativistas pudessem contribuir decisivamente para o fortalecimento do setor em todo o mundo.
O ativismo de Brierley simboliza a reverberação das mulheres que escolhem as cooperativas como ambiente de trabalho, justamente porque acreditam nelas como modelo de negócio democrático e inclusivo.
Assim como Brierley, vale a pena destacar outras mulheres que também trouxeram grandes contribuições para o segmento, como a inglesa Pauline Green, que em 2009 foi eleita a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), e a uruguaia Graciela Fernández, que hoje preside a mais importante entidade cooperativa das Américas.
A participação feminina é preponderante e aumentou significativamente nas últimas décadas. No cooperativismo brasileiro não é diferente. Seja como dirigentes, colaboradoras ou cooperadas, elas têm sido protagonistas nesse universo.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, joga luz sobre as conquistas e desafios dessas profissionais. De acordo com os dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2019, dos 14,6 milhões de cooperativistas do país, 33% são mulheres, sendo que entre os 425,3 milhões de empregados do setor, esse número sobre para 48%, enquanto que o quadro feminino de dirigentes registra 25% de participação. Em Minas, dos 1.738.917 cooperados, 29,2% são mulheres e, quando se trata dos 43.425 empregados do segmento, as mulheres representam 51%, frente a 49% de homens.
Ao longo da história, as cooperativas impulsionaram o empoderamento feminino, inclusive destacando a temática do Ano Internacional do setor de 2010, proposta pela ACI, inteiramente a elas.
Cooperativas como a agropecuária de João Pinheiro, o Sicoob Credicenm, de Guanhães; e a Credimed, de Uberaba; bem como o Coopjus e a Coopermoda, de Belo Horizonte; a Coopeg de Guaxupé; a Uniodonto de Juiz de Fora; a Dedo de Gente, em Curvelo; a Cooperárvore, de Betim; o Sicoob Cosmipa, de Ipatinga; o Sicoob Credialp, de Alpinópolis; a Coopfam, de Poço Fundo, entre tantas outras, têm mulheres nos cargos de liderança e os resultados são dignos de aplausos.
O cooperativismo como parceiro do Pacto Global e da ONU na difusão dos ODS preza também pela Igualdade de Gênero. Sabemos da importância desse objetivo e percebemos a partir dele resultados de encher os olhos, como o Programa Elas no Café desenvolvido pela Expocaccer em reconhecimento ao crescente papel desempenhado pelas mulheres no mundo da cafeicultura.
E assim vários são os exemplos que poderiam ser citados sobre como o cooperativismo valoriza a participação e a permanência do público feminino. Ressaltamos, contudo, que o mais importante, no contexto de tudo o que dissemos aqui, é reconhecer o valor e as competências de todos, sem distinção de gênero, o que reforça ainda mais a democracia no seio do cooperativismo.
*Presidente do Sistema Ocemg