Papel das fintechs na inclusão social

15 de janeiro de 2020 às 0h01

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Crédito: Divulgação

João Pedro Tonini *

Três em cada 10 brasileiros adultos são desbancarizados, ou seja, não possuem conta em bancos, segundo levantamento do Global Findex . Além da desconfiança em relação às instituições financeiras, o principal motivo para isso é a falta de dinheiro, que está intimamente ligada à burocracia e aos altos custos. Em meio à informalidade recorde no mercado de trabalho brasileiro, essa realidade se intensifica, afinal, quem trabalha por conta própria não tem a necessidade de abrir nem mesmo uma conta-salário.

O Brasil é conhecido por ter um sistema bancário extremamente concentrado. Em 2018, de acordo com o Banco Central, apenas cinco bancos acumularam 84% de todos os depósitos e empréstimos realizados no País. Nesse cenário de alta concentração, quem não tem conta em banco vive uma situação de exclusão. Afinal, não interessa às grandes empresas oferecer crédito a pessoas que não podem comprovar renda, têm o nome sujo e muitas vezes nem possuem residência fixa. Ou seja: um mercado concentrado acaba se tornando um perpetuador da desigualdade social.

Felizmente essa é uma realidade que já começou a mudar. A tecnologia modificou o modo como nos comunicamos, como trabalhamos e mudou também o modo como cuidamos do nosso dinheiro. Por exemplo, hoje em dia os custos para se manter agências bancárias e caixas eletrônicos se tornam inviáveis para as novas empresas que começam a adentrar o mercado.

Eis que, então, o Brasil começa a assistir a um boom de fintechs, empresas financeiras que possuem a tecnologia no DNA. Segundo a pesquisa Fintech Mining Report, o País possui 550 empresas do tipo, oferecendo serviços como meios de pagamento, cartões de crédito com limite mais flexível, cartões pré-pagos, investimentos e carteiras digitais.

Cada produto oferecido pelas fintechs tem o poder de modificar completamente o sistema bancário como o conhecemos. A carteira digital, por exemplo, permite a inclusão dos desbancarizados no mundo financeiro, dando a essas pessoas possibilidades mais efetivas de cuidar bem do seu dinheiro. Isso vale tanto para profissionais que participam da economia compartilhada (autônomos ou não) quanto para um familiar que precisa controlar o dinheiro da mesada dos filhos.

Todas essas pessoas passam a ter mais autonomia, podem buscar crédito com menos burocracia e taxas muito mais interessantes que as tradicionais, além de adquirem mais flexibilidade na gestão das finanças pessoais.

No momento, vivemos um movimento de mercado muito interessante, saindo de um mundo controlado por instituições financeiras extremamente burocráticas para um ambiente mais inclusivo. Quanto mais concorrência, melhor para o consumidor. Com o passar do tempo, porém, é natural que o brasileiro eleja seus serviços financeiros digitais “preferidos”, mantendo novamente em poucas empresas grande parte do volume de transações.

No entanto, uma coisa é certa: a tecnologia já incluiu e ainda vai continuar incluindo muita gente no mundo das finanças, corrigindo disparidades criadas e alimentadas durante décadas por um sistema altamente concentrado e desigual.

*Diretor de produtos da Wirecard Brasil

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