Bento XVI quer seu nome fora de livro sobre celibato

15 de janeiro de 2020 às 0h03

img
Crédito: REUTERS/Max Rossi

Cidade do Vaticano – O ex-papa Bento XVI quer que seu nome seja retirado de um novo livro sobre o celibato na Igreja Católica no qual consta como coautor, disse seu secretário pessoal ontem. O arcebispo Georg Ganswein afirmou à Reuters que, a pedido do ex-papa, solicitou ao autor principal do livro, o cardeal Robert Sarah, para contatar a editora e fazer as mudanças necessárias.

O livro “Do Fundo de Nossos Corações” deve ser publicado hoje na França. Trechos foram divulgados no último fim de semana, revoltando alguns estudiosos católicos que disseram que Bento XVI ameaça desestabilizar o papa Francisco.

Trata-se da reviravolta mais recente de uma saga que está sacudindo o mundo católico, destacando a polarização entre progressistas e conservadores da Igreja de 1,3 bilhão de fiéis e provocando um novo debate sobre o papel do antigo pontífice.

Mais cedo, Sarah refutou as acusações da mídia de que usou o nome de Bento XVI sem autorização e que se aproveitou do ex-líder religioso, que está com 92 anos e a saúde frágil. “Afirmo solenemente que Bento 16 sabia que nosso projeto tomaria a forma de um livro. Posso dizer que trocamos vários textos para estabelecer as correções”, escreveu Sarah, de 74 anos, no Twitter.

Mais tarde, ele disse que Bento XVI será citado como colaborador, e não coautor, em edições futuras do livro. “Entretanto, o texto completo permanece absolutamente inalterado”.

A polêmica no Vaticano surgiu no último domingo, quando foi anunciado um novo livro assinado por Bento XVI e Sarah – um dos principais líderes da ala conservadora que critica as posições do papa Francisco -, no qual o celibato é defendido, diante da decisão que terá de ser tomada pelo papa argentino sobre a proposta de ordenar homens casados, feita no Sínodo da Amazónia.

Trechos do livro foram publicados no último domingo no site do jornal francês Le Fígaro. A obra, em francês, tem como título “Das profundezas dos nossos corações” (Des profondeurs de nos coeurs) e chegará às livrarias nesta semana, enquanto o papa encerra a sua exortação apostólica após o Sínodo da Amazónia. Para muitos, esse é um movimento para pressionar Francisco.

Assim, surgiram novamente acusações de que Ratzinger, 92 anos, que há anos se limita a breves aparições gravadas ou fotografadas por um jornalista ou amigo que o visitou, nas quais quase nunca faz declarações e se percebe que fala com grande dificuldade, pode estar a ser manipulado pela área mais conservadora da Igreja.

Os veículos oficiais do Vaticano limitaram-se a garantir que no livro “os autores expõem as suas intervenções no debate sobre o celibato e a possibilidade de ordenar homens casados” e que Ratzinger e Sarah se definem como dois bispos que mantêm “obediência ao papa Francisco”, de acordo com um artigo do diretor editorial Andrea Tornielli.

O responsável pela assessoria de imprensa, Matteo Bruni, disse que o papa Francisco sempre se opôs à eliminação do celibato, mas não se pronunciou sobre se Ratzinger concordou ou não com a publicação desse volume. (Reuters/ABr)

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail