EDITORIAL | Um caso para mais reflexão

17 de janeiro de 2020 às 0h05

Não há como recontar, ou reconstruir, a história recente da economia de Minas Gerais, notadamente a partir da segunda metade do século passado e do ciclo de crescimento e transformações então ocorridas, sem que seja reservado capítulo destacado para a participação decisiva da Cemig neste processo.

E começar recapitulando como, entre as duas grandes guerras, as concessionárias estrangeiras, responsáveis pela geração e distribuição, perderam interesse pelo mercado local, deixando consequentemente de investir e de atender, a um ponto que racionamento e cortes de fornecimento se tornaram rotina.

Já foi dito, mas nunca será demais repetir. Para escapar dessa situação, para garantir suprimento e, de início, a implantação da Cidade Industrial em Contagem, fora da concessão, que nasceu a Cemig e em seguida Três Marias, a primeira grande usina hidrelétrica brasileira e marca das transformações subsequentes.

Tudo dentro dos mais elevados padrões técnicos e de gestão, fazendo da jovem empresa mineira uma espécie de marco e modelo para todo o sistema elétrico brasileiro. Erros posteriores devem ser debitados à contaminação política, à repetição de velhas e bem conhecidas práticas.

Trata-se, portanto, de corrigir os erros, nunca de condenar a empresa, entendendo-se, como querem alguns, que privatizar seja a única solução possível. Na realidade uma confissão de fracasso, que os resultados obtidos no último ano, na gestão, agora intempestivamente encerrada de Cledorvino Belini ajudam a desmentir. É só recordar o passado, recente, para que seja entendido, ao mesmo tempo, as razões da existência da Cemig e os riscos da privatização num setor estratégico e do mais relevante interesse público.

Consertar o que está errado é com toda certeza bem melhor, e mais fácil, que cometer um erro maior. Vender a Cemig, caso sejam vencidas as resistências políticas, pode ser até fácil, sobretudo com uma avaliação mais interessante para o comprador que para o vendedor. Mineiramente, é preciso desconfiar, lembrando o que já aconteceu.

Se o possível investidor, provavelmente estrangeiro, não se der por satisfeito ele primeiro deixa de investir e depois simplesmente fecha as malas e vai embora, não tomando conhecimento dos problemas que deixar para trás. Já aconteceu no setor elétrico e antes nas ferrovias, no transporte urbano, etc.

Quem se lembra da antiga Companhia Força e Luz, quem se lembra que à época o interior do Estado dependia de pequenas e precárias usinas ou, mesmo, de lamparinas, entenderá o sentido dessa advertência.

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