Governo federal deve vender R$ 150 bi em ativos neste ano

30 de janeiro de 2020 às 0h05

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Salim Mattar afirmou que a privatização dos Correios não deve ocorrer antes do final do próximo ano - Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – O governo federal está no caminho para vender R$ 150 bilhões em ativos estatais este ano, cerca de 40% mais que em 2019, reafirmou ontem o secretário de desestatização e desinvestimento, Salim Mattar.

Mattar disse durante evento do Credit Suisse que o governo vendeu R$ 105,4 bilhões no ano passado, acima da meta de R$ 80 bilhões.

Em janeiro ele já havia citado a cifra de R$ 150 bilhões. Na ocasião ele disse que o foco do governo deste ano seriam as empresas do grupo Eletrobras.

Ele também voltou a dizer que a privatização dos Correios não deve ocorrer antes de dezembro de 2021 e que as companhias de processamento de dados Serpro e Dataprev não serão vendidas antes de junho de 2021.

“Eu queria que pudéssemos vender estas empresas mais rápido, mas tudo demora demais num governo”, disse Mattar.

A companhia de comunicações EBC deve ser vendida até 2022, disse Mattar.

O plano da equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro prevê redução do número de empresas nas quais a União possui participação para 300 ao fim deste ano, ante 624 no fim de 2019. O número inclui empresas controladas pelo Estado, subsidiárias, coligadas e empresas nas quais o Tesouro tem participação.

Discurso liberal – O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, ao comentar ações do primeiro ano do mandato Bolsonaro, afirmou que talvez o governo tenha um discurso mais liberal do que de fato pratica.

“Talvez esse governo tenha um discurso mais liberal do que está praticando, concordo. Mas nunca governo nenhum teve uma prática tão liberal quanto este”, disse.

Ele participou ontem do evento Latin America Investment Conference 2020, promovido pelo banco Credit Suisse.

A fala do secretário vem um dia após os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Pérsio Árida e Gustavo Franco criticarem, no primeiro dia do mesmo evento, a postura liberal do governo Bolsonaro.

“Esse governo é muito menos liberal na política econômica do que o discurso que ele vende. Na abertura comercial, não aconteceu praticamente nada. Na privatização, não aconteceu nada. Um ano de casamento arranjado, como disse o Gustavo, sem amor verdadeiro”, afirmou Arida na terça-feira (28).

Arida, que foi presidente do Banco Central durante o governo FHC e também guru de Geraldo Alckmin na área econômica nas eleições de 2018, disse ainda que o governo deveria avançar para acabar com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Em resposta, Mattar disse que ficou fácil criticar o governo, mas que quem criou o FAT foi senador tucano José Serra (PSDB-SP), em 1997.

“O FAT foi feito lá trás com um PL [Projeto de Lei] do Serra. Então eles mesmos vêm e falam ‘pô, vocês têm que fechar o que nós fizemos’. Pode deixar que nós vamos fechar, sim! Nos deem tempo”, afirmou.

“Por isso que eu gasto 80% do meu tempo para desconstruir o passado, o PL do Serra, e só tenho 20% para pavimentar o futuro do País”, disse. (Folhapress/Reuters)

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