Itaú aposta em Selic baixa por mais tempo

20 de fevereiro de 2020 às 0h03

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GERAL035 29/01/2014 Rio de Janeiro, Brasil Crédito: Sergio Moraes/Reuters

São Paulo – O economista-chefe do Itaú-Unibanco, Mário Mesquita, estima que a taxa básica de juros só deve voltar a subir no final de 2021, quando passaria dos atuais 4,25% para 4,5% ao ano. A estimativa é bem inferior à mediana do mercado, que projeta juros subindo ao longo de 2021 e terminando o próximo ano em 6%.

Pelos cálculos da instituição, a economia brasileira ainda está cerca de 4% abaixo do seu potencial e deve crescer 2,2% neste ano, projeção que não mudou, o que deixaria espaço para uma recuperação ainda sem pressões inflacionárias até praticamente o final de 2021. Para o próximo ano, é estimado crescimento de 3%.

Mesquita não descarta também que o Banco Central volte a cortar os juros no caso de um crescimento inferior a esse patamar, que poderia colocar a inflação abaixo dos 3,3% e 3,5% projetados para 2020 e 2021, respectivamente.

Em relação ao câmbio, a equipe do Itaú projeta taxa de R$ 4,15 no final deste e do próximo ano, com um fluxo maior de dólares para o Brasil na medida em que haja uma aceleração do crescimento.

“A gente vê ainda uma economia que está em recuperação gradual, que está com ociosidade relevante, e continua vendo uma aceleração do crescimento da faixa de 1% (em 2019) para cerca de 2% em 2020. Houve um período de grande otimismo com o PIB. As pessoas questionavam se não ia ser 3%. Depois começaram a falar em 1%. A gente continua onde estava”, afirmou o economista durante evento de apresentação do seu cenário econômico.

Ele afirmou que o risco externo mais importante para o crescimento neste ano são os efeitos da epidemia do coronavírus e das medidas adotadas na China para contê-lo. Do lado doméstico, citou a importância de manter a agenda de reformas e o ritmo de expansão do crédito para o consumo e o investimento.

“O BC sinalizou estabilização da taxa de juros em 4,25%. Deve ficar aí por um bom tempo. Caso a economia siga em compasso mais lento, a inflação siga para baixo, poderia abrir espaço para queda de juros. O coronavírus, se de fato resultar em uma desaceleração mais intensa da economia global, vai ter efeito, em última instância, desinflacionário”.

A economista do Itaú Laura Pitta, que acompanha os dados econômicos do país asiático, afirma que o registro do número de casos do vírus tem diminuído, mas que há um reflexo maior na economia devido à paralisação de uma série de atividades. “Os números de novos casos estão em uma tendência positiva nas últimas duas semanas, mas há dificuldade para normalizar a atividade pós-choque”, disse.

Primeiro trimestre – O Itaú estima crescimento do PIB de 0,3% no primeiro trimestre de 2020. Mesquita afirmou que não é possível descartar um resultado negativo, embora os dados divulgados até o momento não apontem para esse cenário. Para chegar a 2,2% de crescimento, a expansão média nos trimestres seguintes teria de ficar em 0,7%.

Questionado sobre as declarações polêmicas do ministro Paulo Guedes (Economia), que levaram inclusive o presidente Jair Bolsonaro a afirmar que ele não pediu para sair do governo, Mesquita afirmou que o ministro tem grande responsabilidade no desenho da agenda de reformas e que qualquer coisa que ameace o progresso dessa agenda vai gerar reação negativa nos mercados e terá impacto na confiança.

Mesquita afirmou não ter visto dados que reflitam uma piora na visão dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil. Ao falar sobre critérios ambientais, sociais e de governança para alocação de capitais, no entanto, disse que o mundo tem uma opinião dominante em relação à questão do meio ambiente. Para ele, um país que escolher ter uma opinião diferente poderá verificar uma reação negativa ao seu posicionamento. (Folhapress)

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