Ministra defende produtividade maior contra desmatamento

24 de janeiro de 2020 às 0h05

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Segundo o Mapa, apenas 2,3% do território da Amazônia são utilizados para produção agrícola e 10,5% para a pecuária - Crédito: Divulgação

Nova Délhi (Índia) – A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, divergiu ontem do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou em Davos que “as pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer”.

“As pessoas não precisam desmatar para comer, você pode aumentar a produtividade por área, essa é uma das vantagens comparativas do Brasil”, disse a ministra em Délhi, ao ser questionada pela reportagem.

Tereza faz parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro na visita à Índia e participou de conferência ontem.

Tereza acaba de participar do Fórum Global para Alimentação e Agricultura, em Berlim, onde foi muito questionada por europeus e tentou passar uma mensagem que é exatamente o oposto da fala de Guedes.

No fórum, a ministra ressaltou que apenas 2,3% do território da Amazônia são usados para produção agrícola e 10,5% para pecuária, e disse que a agricultura não pode ser apontada como a vilã dos problemas ambientais.

“As pessoas estão surdas em relação ao Brasil; existe uma opinião formada de que a gente queima, então mesmo a gente mostrando números, muitas vezes não somos ouvidos. O Brasil tem problemas, mas não é essa calamidade toda”, disse a ministra, que foi questionada diversas vezes durante sua participação no Fórum Global de Alimentos e Agricultura.

“Na Europa, existe uma má vontade com o Brasil, o Brasil é a bola da vez, como se a gente não fizesse nada certo, o que não é verdade”, disse. “Essa imagem tem interesses, é o medo que agricultores de muitos países da Europa têm do Brasil, que aumentou com o acordo UE-Mercosul”.

Ela citou o fato de o governo ter acionado o exército para combater os incêndios na Amazônia e a criação da Força Nacional Ambiental como demonstrações de que o governo brasileiro está comprometido com a proteção do meio ambiente.

O primeiro ano do governo Jair Bolsonaro foi marcado por críticas da comunidade internacional sobre a forma como o País lida com os temas ambientais, especialmente o episódio das queimadas na Amazônia.

A fala de Guedes no Fórum Econômico Mundial em Davos, cujo tema central este ano era o meio ambiente, foi muito criticada.

Segundo Tereza, talvez Guedes estivesse se referindo aos migrantes que foram para a região nos anos 70 e 80, motivados por programas governamentais. A grande maioria são pequenos produtores rurais assentados, que não têm título, nem crédito, e precisam de recursos.

Etanol Na Índia, um dos principais objetivos é assinar um acordo de cooperação para produção e uso do etanol no mercado indiano. O Brasil quer que mais países passem a produzir etanol, para que o produto se torne uma commodity, ampliando o mercado. Além disso, produzir etanol seria uma maneira de reduzir a grande produção de açúcar na Índia, que, sustentada por subsídios governamentais, vem deprimindo os preços mundiais do açúcar e é alvo de contencioso do Brasil na Organização Mundial do Comércio.

Para a Índia, que importa 84% do petróleo que consome e comprava muito do Irã e Venezuela, atualmente sob sanções, seria uma forma de reduzir dependência de combustíveis fósseis. (Patrícia Campos Mello, da Folhapress)

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