Onyx é enfraquecido no governo

31 de janeiro de 2020 às 0h05

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Onyx viu seu poder diminuir gradualmente desde junho - Crédito: Wilson Dias/ABr

Brasília – O esvaziamento de funções da Casa Civil, anunciado ontem por Jair Bolsonaro, foi interpretado por auxiliares do Palácio do Planalto como um sinal de que Onyx Lorenzoni (DEM-RS) deixará o governo em breve.

Dois dias depois de demitir pela imprensa o número dois da pasta, Vicente Santini, o presidente anunciou nas primeiras horas da manhã dessa quinta a transferência do  Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Casa Civil para a Economia, gesto que esvazia e enfraquece Onyx, que está em férias.

Onyx foi um aliado de primeira ordem de Bolsonaro durante a campanha e o período de transição, dos quais participou como coordenador.

Desde que assumiu a Casa Civil em janeiro de 2019, o ministro viu seu poder diminuir gradualmente. Em junho de 2019, ele já havia perdido a função de articulador político, hoje na Secretaria de Governo, e a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), transferida para a Secretaria Geral.

Bolsonaro estuda desde o ano passado fazer mudanças em sua equipe ministerial, mas aguardava um momento oportuno para anunciá-las. Ele adiou a tomada de decisão no fim de 2019 para negar o noticiário da imprensa de que ele estava prestes a trocar as chefias da Casa Civil e do Ministério da Educação.

Segundo aliados do presidente, o caso Santini surgiu como a desculpa perfeita para que a reformulação de equipe aconteça.

Santini teve sua saída da secretaria-executiva anunciada por Bolsonaro na terça (28), depois de ter usado um voo exclusivo da Força Aérea Brasileira (FAB) para voar de Davos, na Suíça, para Déli, na Índia.

O presidente classificou o episódio como “inadmissível” e “imoral”. Porém, na noite de quarta (29), Santini foi nomeado para outra função na Casa Civil, como assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo, para ganhar um salário apenas R$ 300 menor. A repercussão negativa levou a novo recuo de Bolsonaro em menos de 12h.

Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro disse que vai “tornar sem efeito” a admissão Santini para o novo posto e também informou que Fernando Wandscheer de Moura Alves, nomeado na noite de quarta, deixará a secretaria-executiva da Casa Civil.

A assessoria de imprensa da pasta não respondeu quem responde interinamente pelo órgao. Onyx está em férias desde o dia 18 de janeiro e sua previsão de retorno ao trabalho é dia 3 de fevereiro, na próxima segunda.

Para aliados do presidente, Santini serviu apenas de “bode expiatório” para o enfraquecimento do chefe da Casa Civil.

Bolsonaro foi alertado sobre o caso de Santini pelo ministro Paulo Guedes (Economia). Foi relatado à reportagem que o próprio ministro alertou Santini em Davos sobre o elevado custo de um uso de jato da FAB.

Se a saída de Onyx for confirmada, entre as possíveis soluções está a de o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, assumir interinamente. Outro desenho estudado é devolver a Casa Civil à SAJ, o que transferiria Jorge Oliveira da Secretaria Geral para a pasta.

Bolsonaro estuda destacar Onyx para a articulação política, mas com um cargo no Congresso, onde ele é deputado.

Articulação – A avaliação da equipe do presidente é que Onyx teria um papel mais efetivo na articulação política no Poder Legislativo, atividade que enfrenta críticas, sobretudo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Caso Jorge Oliveira seja o escolhido para a Casa Civil, a troca de cadeiras abriria espaço para o presidente abrigar o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) na Secretaria-Geral. Segundo auxiliares presidenciais, o amigo de Bolsonaro recebeu a garantia no início deste ano de um posto na máquina federal.

Para ser nomeado, Fraga colocou como condição o arquivamento de processo que responde em segunda instância pela acusação de cobrança de propina de uma cooperativa quando era secretário de Transportes do Distrito Federal, em 2008.

A expectativa da equipe do presidente é que o caso chegue a um desfecho no primeiro trimestre deste ano. Bolsonaro já cogitou separar o Ministério da Justiça da Segurança Pública para alocá-lo, mas a hipótese foi descartada após a insatisfação do ministro Sergio Moro. (Folhapress)

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