Pandemia não deve afetar exportações de algodão

14 de março de 2020 às 0h10

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Crédito: Divulgação/Ima

São Paulo – A exportação de algodão do Brasil, segundo exportador global da fibra após os Estados Unidos (EUA), tem potencial de somar cerca de 2 milhões de toneladas no período de julho de 2020 a junho de 2021, o que repetiria o recorde esperado para 2019/20, estimou o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus.

A projeção já considera os impactos da pandemia do coronavírus, que começou na China, mas não deve afetar os negócios quando o algodão da nova safra estiver pronto para ser exportado. O país asiático, principal comprador do Brasil, demanda mais de 30% das exportações nacionais.

No ano comercial de exportação que se encerra em junho de 2020, os embarques do Brasil deverão crescer cerca de 50% ante a temporada anterior (2018/19), com um aumento na safra e os chineses comprando mais do Brasil, reflexo da guerra comercial com os Estados Unidos.

O otimismo com os volumes se mantém, apesar do ambiente econômico tumultuado pelo coronavírus, porque o dirigente tem a expectativa de que, no período de escoamento da nova safra – a partir de julho -, os impactos do coronavírus para os negócios estejam menores.

Com uma redução no número de casos na China, os congestionamentos nos portos chineses já estão diminuindo, com trabalhadores voltando às atividades.
Faus, também executivo na trading Omnicotton, com sede nos EUA, disse que a exportação de algodão do Brasil, que registrou recorde mensal de mais de 300 mil toneladas em janeiro, está diminuindo de ritmo no momento, mas pelo fato de a maior parte contratada da última safra já ter sido embarcada.

“No caso específico do algodão, como a maior parte (da última safra) já foi exportada, vamos continuar embarcando, mas já em volume menor. Não está havendo efeito (do coronavírus) nos embarques”, disse ele à Reuters.

“E, até a nova safra pegar volume, espero que os principais problemas já tenham sido resolvidos em relação ao vírus”, acrescentou Faus, em referência à exportação do ciclo cuja colheita começa no início do segundo semestre.

O Brasil terminou há pouco de plantar a maior área de algodão da história. A expectativa é de que a produção cresça 2,7%, para 2,85 milhões de toneladas da fibra, de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Volatilidade – A confiança sobre a exportação na nova safra se dá em um momento que os produtores já comercializaram cerca de 60% de safra futura, disse Faus, com o câmbio impulsionando as vendas a despeito de pressão baixista de preços internacionais.
Contudo, a alta volatilidade nos mercados atrapalha os negócios, ressaltou ele. “O preço do petróleo caiu bastante, se isso continuar, tem um efeito nos preços das fibras sintéticas, principal concorrente do algodão”, disse.

O executivo explicou que a maior parte dos insumos são dolarizados e que, portanto, o câmbio vai ajudar principalmente aquele produtor que já fechou seus custos.

No longo prazo, as expectativas são boas para o setor de algodão, reforçou Faus, lembrando que a associação nacional de produtores, Abrapa, tem como meta para o País produzir 4 milhões de toneladas por safra até 2030, o que poderia permitir exportações anuais de cerca de 3 milhões de toneladas.

“Se o Brasil chegar nesta produção, vai estar em nível de exportação muito semelhante dos EUA”, destacou, mirando a liderança norte-americana. (Reuters)

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