No dia 23 de janeiro de 1556, a China foi sacudida por um terremoto de magnitude estimada entre 8 e 8,3, cujo epicentro ficava próximo à cidade de Huaxian, na província de Shaanxi. Conhecido como terremoto de Shaanxi ou terremoto de Jiajing, em referência ao imperador da dinastia Ming, o tremor é considerado o mais mortal da história.
As consequências foram catastróficas: cerca de 830 mil pessoas morreram, a maioria soterrada por desmoronamentos de casas e edifícios precários ou vítimas de deslizamentos de terra. Nos dias e semanas seguintes, fome e doenças ampliaram ainda mais o saldo devastador.

Impacto sem precedentes
Embora não tenha sido o mais forte já registrado, o terremoto de Shaanxi foi o mais letal em termos absolutos e relativos. Em meados do século 16, a população mundial era inferior a 500 milhões de habitantes. Isso significa que, proporcionalmente, a tragédia representou a maior perda de vidas humanas em um único dia na história.
Relatos da época descrevem cenas apocalípticas: o solo se abriu, rios transbordaram, muralhas inteiras desapareceram no chão e planícies se transformaram em colinas. O tremor foi sentido a centenas de quilômetros, até a costa sul da China.
Legado de destruição
Três anos depois do desastre, uma placa foi erguida para registrar a dimensão da catástrofe. O texto descrevia “rachaduras no solo das quais jorrava água, muralhas e casas engolidas pela terra, rios transformados e colinas erguidas onde antes havia planícies”.
O impacto não foi apenas humano. O terremoto enfraqueceu ainda mais a dinastia Ming, já em crise, e deixou marcas profundas na memória coletiva chinesa.
O mais letal entre os grandes tremores
Outros terremotos devastadores marcariam a história da China, como o de Tangshan, em 1976, que matou cerca de 655 mil pessoas. Mas nenhum atingiu a escala de mortes provocada em Shaanxi em 1556.
Segundo historiadores e sismólogos, essa data — 23 de janeiro — permanece como o dia mais mortal da humanidade, lembrando o poder incontrolável da natureza e a vulnerabilidade da vida humana diante dela.