Um estudo publicado na revista Nutrients, realizado por pesquisadores da Alemanha e dos Estados Unidos, analisou os efeitos metabólicos do consumo diário de cerveja sem álcool por homens jovens e saudáveis. Os resultados surpreenderam: quem ingeriu duas garrafas por dia durante quatro semanas apresentou aumento de açúcar no sangue, acúmulo de insulina e elevação dos níveis de colesterol LDL e triglicerídeos — fatores diretamente associados ao risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Os efeitos negativos foram mais acentuados em tipos específicos, como as cervejas de trigo e as chamadas “mistas” (com adição de refrigerantes saborizados). Já as Pilsner, mais leves, com até 0,5% de teor alcoólico, apresentaram um impacto menos severo — mas ainda prejudicial.
As vendas globais de cervejas sem álcool dispararam nos últimos anos, refletindo uma busca crescente por alternativas consideradas mais saudáveis às bebidas alcoólicas. Em 2022, esse mercado movimentou mais de US$ 20,5 bilhões, e as projeções indicam que esse número deve dobrar até 2034. No entanto, apesar do apelo “fitness” e da imagem de bebida leve, novas pesquisas científicas revelam que o consumo frequente de cervejas sem álcool pode representar sérios riscos à saúde.
Por que a cerveja sem álcool pode fazer mal?
Embora livre do etanol, principal vilão nas bebidas alcoólicas, a cerveja sem álcool não é isenta de calorias, açúcares e aditivos. Muitas marcas apostam em receitas adocicadas para compensar a ausência do álcool, tornando o produto mais palatável, mas menos saudável.
Segundo os cientistas, o alto teor calórico e o excesso de açúcares simples podem desencadear alterações metabólicas silenciosas. “Essas bebidas podem parecer inofensivas, mas nosso estudo mostra que elas têm efeito desfavorável no metabolismo, especialmente por causa do açúcar”, afirmam os autores da pesquisa.
E os possíveis benefícios?
Outros estudos — ainda escassos — também apontam que a cerveja sem álcool pode oferecer certas vantagens em relação à versão alcoólica, como:
- Redução do estresse oxidativo;
- Menor risco de trombose;
- Preservação da função endotelial.
Entretanto, a bebida perde em outros aspectos. A cerveja convencional, por conter mais polifenóis (além do álcool), tende a elevar os níveis de HDL — o chamado “colesterol bom”, benéfico para a saúde cardiovascular.
A conclusão de especialistas é que o consumo esporádico de cerveja sem álcool pode ser aceitável, especialmente quando associado a uma dieta rica em azeite de oliva e prática regular de exercícios. Ainda assim, mais estudos são necessários para confirmar esses benefícios e compreender os riscos reais.




