A tradicional Bendigo Bank anunciou que vai fechar 10 agências físicas até o final de outubro, afetando diretamente cinco comunidades regionais que ficarão completamente sem acesso a serviços bancários presenciais. As unidades encerradas ficam nos estados de Victoria, Queensland e Tasmânia, e a medida tem causado forte reação de moradores, prefeitos locais e do sindicato nacional do setor financeiro.
Em Victoria, as agências de Ballarat Central, Bannockburn, Malop Street (Geelong), Korumburra, South Melbourne e Yarram serão desativadas. Em Queensland, serão fechadas as unidades de Malanda e Tully North, enquanto Kings Meadows e Queenstown, na Tasmânia, também perderão seus postos de atendimento.
Em ao menos cinco dessas localidades, como Bannockburn, Queenstown e Korumburra, essas eram as últimas agências bancárias operando, o que significa que os moradores terão que percorrer longas distâncias — em alguns casos mais de duas horas e meia de viagem — para acessar serviços presenciais básicos, como saques, depósitos ou resolução de problemas.
Comunidades reagiram com indignação
Para o prefeito de Golden Plains Shire, Owen Sharkey, a decisão foi “abrupta e desrespeitosa”. “Essa agência atendia não só Bannockburn, mas todas as comunidades ao redor. É decepcionante que não tenhamos tido mais tempo para nos preparar”, afirmou.
O impacto é sentido de forma ainda mais dura em localidades onde a Bendigo Bank surgiu como última esperança após outras instituições saírem da região. Em Bannockburn, por exemplo, a agência foi aberta em 1998, um ano após o fechamento da unidade do Westpac — e agora, novamente, os moradores se veem sem qualquer banco no município.
Em Queenstown, na Tasmânia, o prefeito Shane Pitts disse que a cidade foi pega de surpresa e lembrou que a agência local já vinha operando com serviços limitados e horários reduzidos. “É difícil usar o banco se ele não está aberto”, criticou.
Sindicato cobra mudanças regulatórias
A secretária nacional do Finance Sector Union (FSU), Julia Angrisano, classificou o fechamento das agências como uma “traição às comunidades regionais”, especialmente vindo de uma instituição que tem sua origem no interior e que sempre cultivou a imagem de banco comunitário.
“A Bendigo Bank está se comportando como um banco grande qualquer, ignorando os valores que sempre defendeu”, declarou Angrisano. O sindicato defende mudanças nas regras do setor para obrigar bancos a manterem presença física mínima em regiões carentes de serviços.
Em nota, a Bendigo Bank justificou a medida como uma resposta a “mudanças nas preferências dos clientes, redução nas atividades comerciais e aumento de custos operacionais”. A instituição, que tem 2,7 milhões de clientes, afirmou que o fechamento de agências é sempre a “última alternativa”, mas necessária para investir em canais digitais.
Apesar do lucro líquido de 216,8 milhões de dólares australianos registrado no último semestre de 2024, a direção do banco alegou que precisa equilibrar investimentos entre a rede física e a crescente demanda por serviços digitais.
Contradição com acordo nacional
A decisão da Bendigo Bank contraria o espírito do acordo firmado em fevereiro de 2025 entre o governo federal e os quatro maiores bancos do país para manter abertas as agências regionais até meados de 2027. O pacto foi uma resposta ao fechamento de 36% das agências no interior australiano desde 2017, que gerou um aumento significativo da exclusão bancária.




