A tensão entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) voltou a escalar nesta semana após o ex-presidente americano Donald Trump anunciar, no sábado (12), a imposição de tarifas de 30% sobre as importações vindas do México e da Europa, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto. Em resposta, a UE ameaçou retaliar com tarifas equivalentes a R$ 136 bilhões (21 bilhões de euros ou US$ 24,5 bilhões) sobre uma ampla gama de produtos norte-americanos.
A medida foi revelada pelo ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, que afirmou nesta segunda-feira (14) que a lista de retaliações já está pronta e pode ser implementada caso as negociações com Washington não avancem.
Tajani ressaltou que a União Europeia não deseja uma guerra comercial, mas que está determinada a proteger seus interesses. “As tarifas prejudicam a todos, começando pelos próprios Estados Unidos”, afirmou. Segundo ele, um segundo pacote ainda mais robusto poderá ser adotado caso um acordo bilateral continue distante.
Além disso, a UE prorrogou até o início de agosto a suspensão de medidas de retaliação, tentando dar uma última chance ao diálogo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou que o bloco segue comprometido com uma solução negociada, mas tomará as medidas necessárias se as ameaças de Trump se concretizarem.
Impactos bilionários e setores em alerta
A escalada tarifária coloca em risco um fluxo comercial bilionário. Segundo o Bureau of Economic Analysis, a União Europeia tem um superávit anual de US$ 235,6 bilhões nas trocas com os EUA, o segundo maior do mundo, atrás apenas da China.
Setores como automóveis, farmacêuticos, alimentos e bebidas estão entre os mais ameaçados. A Irlanda, com forte presença de empresas farmacêuticas americanas, seria um dos países mais afetados, seguida pela Alemanha, que exporta veículos e máquinas para o mercado norte-americano. Já a França, menos exposta, corre risco com suas marcas de luxo, vinhos e produtos alimentícios.
A Comissão Europeia tenta evitar um colapso nas negociações, mas deixou claro que irá agir para proteger os interesses do bloco, caso os EUA avancem com as tarifas. “As tarifas prejudicam todos, começando pelos próprios Estados Unidos”, disse Tajani. Segundo ele, queda nos mercados financeiros pode afetar diretamente as poupanças e aposentadorias dos americanos.
O comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, alertou nesta segunda-feira que uma tarifa de 30% teria o efeito prático de eliminar o comércio entre os dois blocos, desorganizando cadeias globais de produção e elevando os preços ao consumidor.