Carros elétricos já se firmaram como alternativa sustentável aos modelos a combustão, e agora avançam mais um passo com uma solução que pode eliminar quase por completo os gastos com abastecimento: o uso de painéis solares para recarga doméstica. Com apenas duas placas fotovoltaicas é possível gerar energia suficiente para alimentar, por exemplo, um JAC e-JS1, modelo já disponível no Brasil.
Com uma bateria de 30 kWh e consumo médio de 10 kWh a cada 100 quilômetros, o JAC e-JS1 demanda cerca de 3 kWh por dia para um uso médio de 30 km diários. Isso significa que o veículo pode permanecer carregado por até 10 dias com uma única carga. Ao instalar um pequeno sistema solar em casa, o motorista pode gerar toda a energia necessária para esse consumo, eliminando a dependência da rede elétrica — e os custos associados.
Considerando a irradiação média de Brasília, por exemplo, seriam suficientes apenas duas placas solares de 560 watts pico para atender ao consumo mensal do veículo. O investimento se mostra ainda mais atraente ao considerar os incentivos disponíveis para a adoção de sistemas fotovoltaicos e veículos elétricos, como financiamentos com juros reduzidos e descontos em tarifas.
Painéis no carro ainda não são viáveis — mas o futuro promete
Apesar do uso de energia solar fixa nas residências ser eficaz, o uso direto de painéis solares sobre os veículos ainda enfrenta barreiras técnicas. A eficiência limitada dos módulos, aliada ao alto custo e à pequena área disponível nos automóveis, reduz o impacto da geração direta sobre o veículo.
Exemplo disso é o caso da startup holandesa Lightyear, que chegou a produzir um modelo com 5 m² de painéis solares no teto e capô. Mesmo assim, apenas cerca de 70 km dos 560 km de autonomia vinham da energia solar. O carro custava cerca de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão), mas a empresa decretou falência pouco tempo após o lançamento, optando por licenciar suas tecnologias a outras fabricantes.
Outras aplicações mais viáveis estão surgindo em segmentos específicos. A fabricante brasileira Randon, por exemplo, já utiliza painéis solares em carretas elétricas para reduzir o consumo dos caminhões.
Carregar em casa pode custar menos de R$ 90 por mês
Em Minas Gerais, onde o kWh custa cerca de R$ 0,95, o gasto mensal para carregar um carro elétrico como o JAC e-JS1 seria de aproximadamente R$ 85,50. Mas com um sistema solar instalado, esse valor pode cair praticamente a zero após o retorno do investimento inicial — o chamado payback. A economia, somada à sustentabilidade, fortalece a adoção dos carros elétricos no país.
A popularização dessa tecnologia representa não apenas uma revolução na forma de abastecer veículos, mas também um passo significativo rumo à descarbonização do setor de transportes no Brasil.