As relações entre o Brasil e os Estados Unidos foram tranquilas por muitos anos, mas ficaram bem tensas nos últimos dias, desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros. Entre os motivos citados pelo republicano, está o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), definido por Trump como uma “caça às bruxas”.
A situação ainda piorou com a revogação de vistos de ministros do STF, como Alexandre de Moraes, e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Novamente, o motivo dessas revogações seria o suposto tratamento indevido de Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro.
De acordo com a BBC, o pesquisador brasilianista Brian Winter não vê condição alguma para um cessar-fogo entre os dois países no momento. “Na verdade, acho que vai piorar antes de melhorar”, avaliou editor-chefe da revista Americas Quarterly, vinculada ao centro de pesquisa e debate Conselho das Américas.
O que explica perseguição dos EUA contra o Brasil?
Para Winter, dois motivos explicariam essa implicância do presidente dos EUA contra o Brasil. O primeiro é que o governo Trump não enxerga um alto custo em um debate contra o Brasil.
O segundo, na avaliação do pesquisador, é que Trump leva a situação de Bolsonaro para o lado pessoal. Afinal, Bolsonaro está sendo julgado no Brasil por uma tentativa de golpe de estado nas eleições de 2022, assim como Trump foi investigado por seu suposto papel na invasão do Capitólio em 2021, quando ele perdeu as eleições contra Biden.
“O presidente Trump realmente parece ver essa luta em termos pessoais”, explicou Winter. “Ele acredita que há paralelos quase perfeitos entre o que ele viu como uma perseguição criminal contra ele e o caso que o presidente Bolsonaro está enfrentando.”