Se você consome mais de 700 gramas de carne vermelha crua por semana, é hora de repensar seus hábitos alimentares. Estudos recentes indicam que esse nível de consumo eleva significativamente o risco de câncer colorretal (intestino grosso e reto). O alerta é reforçado por dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica as carnes processadas — como bacon, presunto e salame — como carcinógenos do Grupo 1, ou seja, comprovadamente causadores de câncer.
Já a carne vermelha, incluindo bovina, suína e ovina, entra no Grupo 2A, considerado “provavelmente carcinogênico” para humanos.
Pesquisadores identificaram compostos que tornam a carne potencialmente perigosa:
- Haem, pigmento presente na carne vermelha, que, ao ser digerido, forma compostos N-nitrosos capazes de danificar as células do intestino.
- Nitratos e nitritos, conservantes usados em carnes processadas, que também formam esses compostos no organismo.
- Altas temperaturas de cozimento, como grelhar ou defumar, que geram substâncias químicas (PAHs e HCAs) conhecidas por provocar alterações no DNA e aumentar o risco de câncer.
Quais tipos de câncer estão relacionados ao consumo de carne?
O vínculo mais forte é com o câncer colorretal, mas estudos também apontam risco elevado para:
- Câncer de pâncreas
- Câncer de próstata
- Câncer de mama
- Carcinoma hepatocelular (fígado)
- Câncer de pulmão, rim e útero
Cada porção diária de 50 gramas de carne processada (cerca de 3 fatias de bacon) aumenta o risco de câncer colorretal em 18%, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC).
É preciso cortar toda a carne da dieta?
Não necessariamente, mas os especialistas recomendam reduzir drasticamente o consumo de carnes vermelhas e processadas. Alternativas saudáveis incluem:
- Peixes e frutos do mar (como na dieta mediterrânea ou pescetariana), associados a até 45% menos risco de câncer colorretal.
- Frutas, verduras, legumes e cereais integrais, que fornecem fibras e antioxidantes.
- Moderação no açúcar e álcool, que também elevam os riscos.
“Uma dieta equilibrada não só reduz o risco de câncer como melhora a saúde cardiovascular e a qualidade de vida como um todo”, destaca o oncologista Alok Khorana.
Como diminuir os riscos sem abrir mão da carne?
- Prefira carnes frescas e magras, evitando processadas.
- Opte por métodos de preparo mais leves, como cozimento a vapor ou ensopados, em vez de frituras e churrascos frequentes.
- Reduza o consumo semanal de carne vermelha para menos de 500 gramas cozidos (cerca de 700 g crus), conforme recomendação de órgãos de saúde.
- Aumente a ingestão de fibras para ajudar na saúde intestinal.