Viver mais de 100 anos pode parecer um feito para poucos, mas pesquisas em diferentes partes do mundo mostram que a alimentação é um dos segredos mais importantes para chegar lá com saúde.
Os estudos se concentram nas chamadas Zonas Azuis — regiões como Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Loma Linda (EUA), Icária (Grécia) e Nicoya (Costa Rica), conhecidas por abrigar uma das maiores concentrações de pessoas centenárias do planeta.
Nessas comunidades, longevidade não é obra do acaso: está ligada a hábitos simples, alimentação rica em compostos naturais, atividades físicas leves e fortes laços sociais.
Pesquisadores descobriram que a dieta dos moradores dessas regiões é predominantemente baseada em vegetais, leguminosas, chás e especiarias, com alimentos ricos em polifenóis — compostos antioxidantes e anti-inflamatórios que protegem o coração, retardam o envelhecimento celular e ajudam a prevenir doenças como diabetes e Alzheimer.
Alimentos mais presentes entre centenários:
- Batata-doce roxa (Okinawa) – rica em antocianinas, que protegem o DNA e combatem inflamações.
- Soja e derivados – fonte de genisteína, que ativa genes que combatem tumores e ajudam na saúde óssea.
- Cúrcuma (açafrão-da-terra) – potente antioxidante que reduz o estresse oxidativo.
- Chás verdes e de ervas (como ironwort e hortelã) – melhoram a função cerebral e o humor em idosos.
- Feijões e leguminosas – ricos em quercetina, que melhora o metabolismo e a energia celular.
- Frutas como mangas, mamões e cítricos (Nicoya e Loma Linda) – cheias de xantonoides e vitamina C, que retardam o envelhecimento celular.
- Azeite de oliva extravirgem (Ikaria e Sardenha) – contém oleuropeína, que ajuda a reduzir riscos de Alzheimer e inflamações crônicas.
- Vinho tinto (Sardenha) – em pequenas quantidades, fornece proantocianidinas, que protegem o sistema vascular.
- Café – rico em ácidos clorogênicos, com efeitos protetores contra doenças degenerativas.
- Nozes e castanhas – melhoram o colesterol e têm efeitos anti-inflamatórios.
Mais do que genética: o estilo de vida importa
Segundo os pesquisadores, não é só a alimentação que garante essa longevidade impressionante. Nessas comunidades, a prática diária de atividades físicas leves (como caminhadas e jardinagem), a interação social constante e um forte senso de propósito também contribuem para que muitos passem dos 90 e até 100 anos com qualidade de vida e independência.
Apesar disso, algumas regiões, como Nicoya e Okinawa, vêm perdendo essa vantagem. A substituição de alimentos frescos por ultraprocessados ricos em açúcar e gordura tem feito com que as novas gerações tenham mais obesidade, hipertensão e diabetes, ameaçando a tradição da longevidade.
Especialistas afirmam que, mesmo longe dessas Zonas Azuis, é possível adotar os mesmos padrões alimentares e de estilo de vida. Incorporar leguminosas, chás, azeite, frutas e vegetais variados à dieta, reduzir processados e priorizar refeições caseiras pode trazer resultados significativos para a saúde a longo prazo.