Um casal de idosos viajou mais de 370 quilômetros a partir de Kuala Lumpur, na Malásia, até o interior do estado de Perak, em busca de uma atração turística que simplesmente não existe. A expectativa era conhecer o “Kuak Skyride”, um teleférico panorâmico que teria sido apresentado por uma suposta repórter em uma reportagem de televisão. No entanto, ao chegarem ao local, descobriram que tudo não passava de um conteúdo gerado por inteligência artificial (IA).
Segundo relatos publicados nas redes sociais por uma funcionária de hotel identificada como @dyaaaaaaa._, o casal chegou ao estabelecimento perguntando sobre o tal teleférico. A mulher contou que havia assistido a uma reportagem no canal “TV Rakyat”, em que uma apresentadora percorria o trajeto do teleférico, entrevistava turistas estrangeiros, e até visitava um zoológico de cervos ao final do passeio.

A funcionária, no entanto, precisou explicar que tudo aquilo havia sido produzido por IA: a apresentadora, os turistas, os locais, o restaurante — nada era real.
“A senhora me perguntou: ‘Por que alguém faria isso? Havia até uma repórter no vídeo!’”, relatou a funcionária na publicação.
Custo emocional e financeiro
O vídeo, que já foi removido das redes sociais após a polêmica, enganou não apenas o casal. Outro usuário relatou que seus próprios pais também acreditaram no conteúdo falso e chegaram a gastar 9 mil ringgits (cerca de R$ 10 mil) para alugar uma van rumo ao local fictício.
O caso gerou comoção nas redes, com internautas se solidarizando com os idosos enganados e cobrando medidas governamentais mais rígidas para regulamentar conteúdos criados por IA.
Especialistas pedem regulação urgente
Com o aumento da sofisticação das tecnologias de inteligência artificial, especialistas e membros da sociedade civil estão pedindo regulamentações específicas para conteúdos gerados artificialmente.
“Mesmo jovens acreditariam nesse vídeo. Só percebi que era falso ao ler os comentários”, disse uma internauta.
Em resposta à crescente preocupação, o governo da Malásia lançou, no fim de 2023, um escritório nacional para inteligência artificial, com o objetivo de desenvolver políticas e legislações específicas. Até o momento, no entanto, não há leis que regulamentem a criação e a disseminação de conteúdos de IA no país.