A inclusão das mulheres no sistema eleitoral brasileiro foi formalizada em âmbito nacional com o Código Eleitoral de 1932. O artigo 2º da norma garantiu às mulheres tanto o direito ao voto quanto a possibilidade de concorrer a cargos eletivos.
No entanto, esse avanço legal já havia sido antecipado no Rio Grande do Norte cinco anos antes, por meio da Lei Estadual nº 660, de 25 de outubro de 1927, que regulamentava o processo eleitoral no estado e autorizava a participação feminina.
A publicação da norma estadual resultou, em novembro de 1927, na inscrição de 20 mulheres potiguares como eleitoras. Entre elas, destacava-se a professora Celina Guimarães Vianna, reconhecida como a primeira eleitora registrada no Brasil.
Primeira prefeita do Brasil e da América Latina
O primeiro cargo eletivo ocupado por uma mulher no país foi conquistado no ano seguinte. Em 1928, Luíza Alzira Soriano lançou sua candidatura à Prefeitura do município de Lajes (RN), pelo Partido Republicano, com apoio da advogada e ativista feminista Bertha Lutz.
Aos 32 anos, obteve 60% dos votos válidos e tornou-se a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina.
Alzira Soriano assumiu a administração municipal em 1º de janeiro de 1929. Durante aproximadamente dois anos de mandato, implementou ações voltadas à infraestrutura urbana, como a abertura de estradas e a construção de escolas e mercados públicos distritais.

Também promoveu melhorias na iluminação pública, utilizando motores para garantir o serviço. Sua gestão foi interrompida em 1930, com a Revolução liderada por Getúlio Vargas, em razão de divergências políticas.
Retorno à vida pública e atuação legislativa
Com a redemocratização do país em 1945, Alzira Soriano retornou à vida política, sendo eleita vereadora no município de Jardim de Angicos (RN), sua cidade natal. Reeleita por mais duas legislaturas consecutivas, ocupou por diversas vezes a presidência da Câmara Municipal.
Pioneirismo feminino no legislativo municipal
O mesmo pleito municipal de 1928 que elegeu Alzira Soriano também marcou a presença de mulheres no legislativo potiguar. Júlia Alves Barbosa e Joana Cacilda de Bessa foram escolhidas para o cargo de intendente municipal – função então correspondente à de vereador – nas cidades de Natal e Pau dos Ferros, respectivamente, consolidando o protagonismo feminino na política local ainda na década de 1920.