O inverno de 2025 será marcado por temperaturas acima da média na maior parte do Brasil, mas com volumes significativos de chuva em algumas regiões, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). A análise revela cenários contrastantes: enquanto áreas do país permanecerão secas, outras devem enfrentar precipitações acima do normal.
De acordo com a meteorologista Caroline Vidal, do Grupo Clima do Inpe, mesmo com temperaturas elevadas, ondas de frio ainda podem atingir as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte entre agosto e setembro, fenômeno típico desta época do ano.
A previsão indica maior probabilidade de chuvas acima da média no norte da Região Norte e no Sul do Brasil, especialmente em áreas do Rio Grande do Sul. Já no Centro-Oeste e interior do Sudeste, a estiagem segue predominando, com precipitações abaixo da média.
“Atenção para a região central do país, que costuma sofrer com queimadas e temperaturas elevadas, principalmente entre agosto e setembro”, alertou Vidal.
No Nordeste, o trimestre deve terminar com chuvas abaixo da média na maior parte da região, mas eventos localizados e intensos ainda podem ocorrer, sobretudo no leste nordestino.
Estados que devem receber mais chuva em agosto
Segundo dados do CPTEC/Inpe, as chuvas devem se concentrar principalmente nos seguintes estados:
Região Norte – Amazonas, Pará e Rondônia devem receber volumes acima do esperado, especialmente entre o fim de agosto e meados de setembro. Isso deve ajudar a reduzir queimadas e reforçar bacias hidrográficas, como a dos rios Madeira e Xingu.
Centro-Oeste – Mato Grosso deve registrar chuvas antecipadas, e no Mato Grosso do Sul, os volumes podem chegar a 150 mm a 180 mm.
Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul terão os maiores acumulados, variando entre 110 mm e 280 mm, principalmente na metade norte do Paraná e regiões centrais de SC e RS.
Sudeste – Chuvas irregulares devem ocorrer na segunda quinzena de agosto, melhorando no final do mês. Destaque para litoral paulista, Espírito Santo, Triângulo Mineiro e partes do Rio de Janeiro.
Nordeste – Bons volumes podem atingir o leste da Bahia, litoral do Rio Grande do Norte, sudeste de Pernambuco e leste da Paraíba, mesmo com tendência geral de estiagem.
As análises apontam condições neutras no Oceano Pacífico Equatorial, sem atuação de El Niño ou La Niña. No entanto, o aquecimento das águas no Atlântico Tropical Norte pode intensificar as chuvas no norte da Região Norte e no litoral do Nordeste.
Tempestades mais severas no Sudeste
Um estudo inédito do Inpe, coordenado por Osmar Pinto Junior, projeta que São Paulo e Rio de Janeiro podem ter um aumento entre 20% e 30% na ocorrência de tempestades severas entre 2025 e 2034. Esse fenômeno é associado ao aquecimento global e à intensificação do El Niño.
Tempestades severas são definidas como aquelas com alta incidência de descargas elétricas e rajadas de vento intensas, capazes de causar danos significativos. Enquanto uma tempestade comum gera cerca de 100 raios, as severas podem registrar mil descargas.
“A população já percebia esse aumento, mas agora temos comprovação científica. As tempestades severas vêm aumentando e isso se intensificará na próxima década”, afirmou Osmar Pinto Jr.