A farmacêutica brasileira EMS lançou nesta segunda-feira (4) o Olire, nova caneta injetável voltada ao tratamento da obesidade. O medicamento chega ao mercado como uma alternativa nacional mais acessível ao Ozempic e ao Mounjaro, que ganharam notoriedade por seu efeito na perda de peso. Com preço médio de entrada de R$ 300, o produto promete democratizar o acesso ao tratamento e pode atingir 500 mil unidades vendidas em até um ano.
Assim como seus concorrentes, o Olire é administrado por meio de injeção subcutânea com caneta e agulhas descartáveis, agindo sobre o apetite e a sensação de saciedade. Em alguns casos, os resultados são comparáveis aos de uma cirurgia bariátrica.
Princípio ativo: o que há de diferente?
A principal diferença entre Olire e medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro está no princípio ativo:
- Olire e Lirux (EMS): utilizam liraglutida, um análogo do hormônio GLP-1.
- Ozempic e Wegovy (Novo Nordisk): utilizam semaglutida, também um análogo do GLP-1, porém de última geração.
- Mounjaro (Eli Lilly): utiliza tirzepatida, que atua em dois hormônios: GLP-1 e GIP, oferecendo ação mais potente.
A liraglutida, já conhecida por compor os medicamentos Saxenda e Victoza (ambos descontinuados pela Novo Nordisk), teve sua patente expirada no Brasil em 2024, abrindo espaço para o desenvolvimento de genéricos como Olire e Lirux.
Segundo Iran Gonçalves Jr., diretor médico da EMS, os medicamentos foram desenvolvidos com tecnologia moderna de síntese química de peptídeos, seguindo padrões da FDA, com alto grau de pureza e rendimento.
Comparativo de eficácia
Apesar de promissor, o Olire apresenta menor potência na perda de peso em comparação a seus concorrentes mais modernos:
Medicamento | Princípio Ativo | Redução Média de Peso | Frequência de Aplicação |
---|---|---|---|
Olire (EMS) | Liraglutida | 8% a 10% (em 6-12 meses) | Diária |
Wegovy | Semaglutida | 17% (1/3 perdeu +20%) | Semanal |
Mounjaro | Tirzepatida | Até 47% superior ao Ozempic | Semanal |
Segundo o endocrinologista Marcio Krakauer, mesmo com potência menor, a liraglutida ainda é eficaz para muitos pacientes, sendo uma opção viável e segura, especialmente para quem busca um tratamento de menor custo.
Frequência e dosagem
Uma desvantagem do Olire e do Lirux frente ao Ozempic e Mounjaro é a necessidade de aplicação diária, enquanto os rivais contam com posologia semanal, o que aumenta a praticidade do tratamento.
Doses máximas por produto:
- Olire: 3 mg por dia (embalagens com 1, 3 ou 5 canetas)
- Lirux: 1,8 mg por dia (embalagens com 1, 2, 3, 5 ou 10 canetas)
- Ozempic: 1 mg por semana
- Wegovy: 2,4 mg por semana
- Mounjaro: de 5 mg até 15 mg por semana
A EMS projeta vendas ambiciosas: 200 mil unidades do Olire até o fim de 2025, com expectativa de faturar ao menos R$ 15 milhões no período. Se os resultados clínicos se confirmarem, o medicamento pode representar uma nova fase no combate à obesidade no Brasil, com foco na popularização do acesso e na redução de custos para o consumidor.